A Polícia Civil vai apertar o cerco ao golpe do Seguro Obrigatório (DPvat)
A mudança, segundo o delegado Islande Batista, vai identificar e punir com mais rigor os envolvidos no delito“O departamento só investiga casos em que o dano é igual ou superior a 120 salários mínimos (cerca de R$ 60 mil) Entretanto, estamos mudando a logística porque há indícios de que o negócio envolve uma rede de pessoas aplicando golpes por todo o estado”, garante BatistaA decisão de centralizar a investigação foi recomendada pela Superintendência de Investigação e Polícia Judiciária da Polícia Civil.
A mudança ocorre depois que o Estado de Minas publicou série de reportagens denunciando esquemas de funerárias, advogados, empresas seguradoras e policiais civis ligados ao IML que aproveitam a dor de pessoas que têm parentes vítimas de acidentes para ficar com o seguroAs denúncias mostram como agentes infiltrados em hospitais e no Instituto Médico Legal (IML) aliciam familiares para se beneficiar de parte do seguro que pode ser requisitado gratuitamente por qualquer pessoaHá casos em que os atravessadores ficam com todo o valor do benefícioO prêmio pode chegar a R$ 13,5 mil quando há óbito
Para fazer o serviço, os representantes das empresas chegam a oferecer facilidades como adiantamento do dinheiro para custear funeral e pagamento do valor que restaria à famíliaPara isso, o familiar assina procuração que dá direito ao recebimento do valor
Apesar de não apresentar dados específicos sobre fraudes com o seguro, o delegado afirma que denúncias de pessoas lesadas ainda são incipientes“Muita gente desconhece que tem direito a requerer o seguro e, por isso, cai no conto de aliciadoresNa hora do desespero, as pessoas assinam papéis e entregam documentosQuando lesadas, também não sabem que podem denunciar e receber o dinheiro”, afirmaEle alerta que quem se sentir lesado deve procurar o departamento, na Avenida Nossa Senhora de Fátima, 2.855Mais informações pelo 3212-3002.
Novos casos
Só nesta semana, dois casos de apropriação indevida do seguro chegaram ao departamentoEm um deles, a auxiliar administrativa Geralda Aparecida Costa, de 55 anos, conta que foi abordada dentro de um hospital pelo representante de uma seguradora quando acompanhava o filho vítima de atropelamentoO acidente ocorreu em abril de 2007, na capital“Passei um tempo sem mexer com isso porque estava desnorteada, mas depois de dois anos procurei a empresa
O despachante Robson Lemos Castro, de 52, também diz ser vítima“Quando meu filho morreu, nem sabia que tinha direito ao seguro Quando informado, meses depois, dei entrada, mas alguém já tinha recebido a quantiaOs documentos tinham assinaturas falsas, com reconhecimento em um cartório de Sabará, onde não tenho firma reconhecidaHavia ainda procuração em nome de uma pessoa do Rio Grande do Sul de que nunca ouvi falarEssas pessoas devem ser desmascaradas”, diz Castro.