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Estado de Minas

Prefeitura começa a fazer inventário dos cerca de 300 mil árvores de BH

Trabalho iniciado no Bairro Santa Inês avalia quais estão doentes ou apresentam risco de queda


postado em 18/11/2011 06:00 / atualizado em 18/11/2011 06:21

Tipuana com 15 metros que apresentava sinais de queda foi cortada ontem na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Cristóvão Colombo(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press. Brasil. )
Tipuana com 15 metros que apresentava sinais de queda foi cortada ontem na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Cristóvão Colombo (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press. Brasil. )
 

O inventário de cerca de 300 mil árvores de Belo Horizonte finalmente começou depois de cinco anos de promessas da prefeitura. Já foram catalogadas 2,7 mil no Bairro Santa Inês, Região Leste, por onde começou o trabalho de 15 engenheiros-agrônomos, florestais e biólogos da Universidade Federal de Lavras. Com tablets nas mãos, eles preenchem um questionário com 57 informações sobre a situação das árvores. Os dados são automaticamente enviados para um banco de dados da Empresa de Informática do Município de Belo Horizonte (Prodabel). O trabalho de campo deve ser concluído em um ano.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no entanto, ainda não avaliou os dados para saber quais árvores do Santa Inês estão doentes ou apresentam risco de queda. A gerente de Gestão Ambiental da secretaria, Márcia Mourão, diz que é rotina da prefeitura o monitoramento das árvores que apresentam riscos e que a ação é imediata. Com base no estudo, já é possível saber que o Santa Inês tem lotes grandes e quantidade maior de árvores dentro dos imóveis. “Esse levantamento prevê não apenas a situação das árvores nas ruas, mas também das que estão distantes até cinco metros dos afastamentos frontais de cada imóvel. Essas árvores interferem também positivamente, como também podem acarretar interferências negativas”, disse Márcia.

No Santa Inês, 30% das árvores estão dentro de imóveis, segundo a pesquisa, e a estimativa da prefeitura era de 17%. Há também grande interferência dos moradores nas árvores das ruas, com problemas relacionados às calçadas. O risco de queda de árvores no bairro é baixo, pois recentemente a Cemig fez podas para passagem da rede elétrica e cortou as que representavam riscos.

Segundo a gerente, há cinco anos a prefeitura tinha a intenção de levantar dados das árvores. Disse que não adiantaria simplesmente levantar as informações se os dados não fossem passíveis de atualização. “Estamos lidando com ser vivo, não estamos falando de edificações e de postes que uma vez implantados ficam da mesma forma por muito tempo. Como seres vivos, as árvores se modificam, crescem, amadurecem, adoecem, envelhecem e morrem. Como isso, o que chamamos de inventário passou a ser um sistema de informações”, disse Márcia.

Segundo a gerente, BH faz a gestão das suas árvores por meio das nove regionais. “O sistema deve ser acessado por todas as regionais. Além disso, temos a Cemig que também atua diretamente na árvore, fazendo podas. Esses 10 setores poderão acessar o sistema facilmente”, disse Márcia.

Foram seis meses de preparativos para o início dos trabalhos, desenvolvidos pela universidade, que há um mês mantém suas equipes nas ruas. “Começamos pela Regional Leste por ela ter complexidade grande de árvores, por também ser próxima da Secretaria de Meio Ambiente, que tem servido como base de apoio logístico para os pesquisadores e esclarecimento de dúvidas”, disse Márcia.

Independentemente da pesquisa, o trabalho de monitoramento das árvores, de indicação de manejo e ações de melhorias, inclusive de supressão, já é rotina na prefeitura, segundo Márcia, e ainda não está sendo afetado pelo inventário já feito. “Esse trabalho vai gerar organização de informações, já que não tínhamos dados sistematizados sobre o conjunto dessas árvores”, informou.

Os pesquisadores estão gastando cerca de 10 minutos com cada árvore. “Apontam pequenos detalhes que talvez numa rotina normal da prefeitura não foram percebidos. Digamos que a gente queira saber onde estão e quantas são as árvores de uma determinada espécie, bastará apenas um clique no sistema, com endereços e localizações nos mapas. Hoje, eu teria de telefonar para cada uma das nove regionais, mas os dados delas não são precisos”, afirmou.

Cupins

Na quarta-feira, uma árvore de grande porte com a raiz infestada de cupins caiu sobre quatro carros na Savassi, perto de uma escola e de onde caiu outra no ano passado. No início do ano, outra também com cupim caiu e matou uma mulher no Parque Municipal, onde outras 284 com o mesmo problema foram cortadas depois. Márcia Mourão informou que a manutenção e o monitoramento das árvores é um serviço rotineiro das nove regionais. “Há problemas de árvores que não são visivelmente percebidos. Infelizmente, não detectamos a presença de cupins por estarem na raiz”, disse.

Há equipamentos capazes de fazer um raio x da qualidade dos troncos, detectando espaços ocos, segundo Márcia. “A prefeitura ainda não tem esse tipo de equipamento”, informou a gerente, lembrando que é feita a descupinização quando o problema é detectado a olho nu, como no Parque Municipal.

Corte BH

 

A capital mineira perdeu mais uma árvore nessa quinta-feira. Uma tipuana de mais de 15 metros foi cortada na Avenida Getúlio Vargas, esquina com Avenida Cristóvão Colombo, na Região da Savassi. De acordo com a Regional Centro-Sul, a árvore estava muito inclinada e apresentava risco de queda. Segundo comerciantes da região, a tipuana começou a tombar depois da passagem de fios de fibra ótica debaixo do passeio.


Esperança sob sete-cascas

O movimento que mobilizou dezenas de pessoas para salvar uma árvore do corte, semana passada, na Savassi, pode não ter sido em vão. A prefeitura encomendou um estudo a vários setores do meio ambiente e à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), com apoio do Corpo de Bombeiros, para juntos estudarem uma forma de manter em pé a sete-cascas de 30 anos e com mais de 20 metros de altura. A árvore, que chegou a perder seis galhos na quinta e sexta-feira, permanece imponente no quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque com a Praça Diego de Vasconcelos, que está sendo revitalizada.

 Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a árvore foi plantada em cima de uma antiga pavimentação de asfalto, numa área impermeabilizada, correndo risco de desabar com um vento mais forte, como se estivesse em um vaso de planta. No entanto, depois do protesto de ambientalistas, moradores, comerciantes e frequentadores da Savassi, que abraçaram a árvore e conseguiram que a motosserra fosse desligada, a gerente de Gestão Ambiental da secretaria, Márcia Mourão, informou, nessa quinta-feira, que está sendo feito o estudo para tentar preservar a árvore. “É uma árvore de alto índice de queda. São vários setores da prefeitura envolvidos com essa questão, dado à movimentação que ela gerou, mas temos que colocar tudo na balança”, disse Márcia.

Aparentemente, segundo a gerente, a sete-casas está saudável. “O problema é estrutural. Numa ocorrência de chuvas fortes com ventos, temos de ficar atentos”, avaliou.

A bióloga Isabel Nunes, de 47 anos, que tentou impedir o corte da árvore, recebeu com a alegria a notícia de que seu protesto pode ter resultado positivo. “Estou extremamente alegre. A nossa luta tem que continuar para salvar outras árvores”, disse.

Inspirados no slogan do artista plástico Manfredo de Souza Neto, “Olhe bem as montanhas”, para salvar a Serra do Curral na década de 1970, os manifestantes pretendem criar o “Olhe bem as nossas árvores”, para impedir a supressão desenfreada de árvores, que eles atribuem à prefeitura. Querem, com isso, evitar o episódio que marcou Belo Horizonte na manhã de 20 de novembro de 1963, quando a população foi surpreendida com o início do corte de centenas de frondosos fícus ao longo da Avenida Afonso Pena, trabalho que começou na calada da noite. O prefeito da época, Amintas de Barros, atribuiu aos fícus o motivo da infestação de um pequeno mosquito, que ganhou  apelido de Amintinhas.

Riscos Urbanos
O ambiente urbano pode, aos poucos, comprometer a saúde e o desenvolvimento das árvores. O solo é mais compactado do que o solo natural, por causa do asfalto, o que dificulta a expansão das raízes e a infiltração da água. O sombreamento excessivo das cidades prejudica o crescimento adequado das espécimes. Outro fator prejudicial à vegetação é a poluição atmosférica causada por veículos, além do estrangulamento da base do tronco das árvores pelas calçadas.
Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente
 



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