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Estado de Minas

Árvores cortadas na capital vão parar no lixo

Depois de doar a artesãos parte da madeira cortada nas ruas, PBH decide mandar para o aterro árvores retiradas na Antônio Carlos. Na Savassi, encontro debate futuro de espécime


postado em 25/11/2011 06:00 / atualizado em 25/11/2011 07:20

Das avenidas Antônio Carlos e Pedro I, na Pampulha, para o aterro sanitário da BR-040, no Bairro Califórnia, Região Noroeste de Belo Horizonte. Foi esse o caminho percorrido por pelo menos 100 árvores suprimidas ao longo de um dos futuros corredores do BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus). Será também o fim de outros 336 espécimes marcados para morrer nas duas vias. O depósito de lixo é um dos maiores cemitérios do patrimônio verde de BH, medida questionada por especialistas, que enxergam usos sustentáveis do resíduos de corte e poda. Outra parte vai para a mão de artesãos, destinada a programas sociais, caso da madeira das árvores suprimidas da Avenida Cristiano Machado e das cortadas no entorno do estádio Mineirão. Enquanto essas já têm destino selado, a sete-cascas da Savassi terá hoje seu dia D. Com risco de queda apontado pela prefeitura, o espécime, considerado saudável por ambientalistas, oferecerá sombra para debate promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

A árvore também receberá visita, na segunda-feira, às 11h, de vereadores da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana da Câmara de BH. Os parlamentares promoverão ainda audiência pública sobre a derrubada e controle da vida útil das árvores da cidade.


Apenas este ano, foram ao chão na capital antes conhecida como Cidade Jardim 11,3 mil árvores, número ainda maior que os 10,7 mil cortes do ano passado. O plantio não ocorreu na mesma velocidade, e nos últimos dois anos o déficit já é de mais de 7,7 mil árvores. O desmatamento neste ano está principalmente relacionado às obras para a Copa do Mundo. E é uma delas que vai dar mais volume ao já sobrecarregado aterro da 040. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, galhos e troncos de mangueiras, murtas, patas-de-vaca e pinus, além de 19 palmeiras-imperiais retiradas das avenidas Antônio Carlos e da Pedro I, num total de 384 espécimes, irão para o depósito.

As 499 árvores cortadas da Avenida Cristiano Machado, entre elas ipês, saboneteiras e sibipurunas, tiveram destino mais nobre, segundo a prefeitura: as mãos dos artesãos do Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor da organização Mãos de Minas. As 650 árvores cortadas no estádio Mineirão também foram destinadas a 200 artesãos. “Nesse caso, acho bem louvável, mas minha dúvida é se todas as árvores deveriam ser cortadas. Os projetos de engenharia são feitos na prancheta e não há preocupação em adaptá-los a uma condição natural”, afirma o biólogo João Renato Stehmann, professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais. A administração municipal não esclareceu por que, no caso dos exemplares removidos na Antônio Carlos/Pedro I, não manteve a decisão de doar a madeira para artesanato.



Comunidade Verde

Como lucrar com a floresta urbana

O gerente de programas sociais do Child Fund Brasil, Dov Rosenmann, chama atenção para a possibilidade de o município lucrar com os resíduos do corte e aproveitar os recursos para melhoria da arborização da cidade. “Não é sair cortando as árvores da cidade, mas saber como fazer o manejo. Não é correto enviar para o aterro resíduos que podem ser aproveitados. Estamos perdendo um potencial enorme cuja receita poderia ser usada para um desenvolvimento mais sustentável da cidade”, afirma.


A partir da ideia de uma cidade sustentável, a organização apresentou à prefeitura projeto sobre como os resíduos de corte e poda de árvores de BH poderiam ser usados. “ O gerenciamento dessa floresta urbana pode levar ao beneficiamento de madeiras nobres, à confecção de canetas, lápis ou material de escritório. Esse resíduo também pode ser usado para produzir madeira plástica (cerragem e plástico), dando origem a bancos e móveis”, sugere Dov.


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