São 54 toneladas por ano despejadas livremente sem qualquer interferência do poder público, tornando o ambiente aquático impróprio para a vida e desagradável para os frequentadoresO combate que hoje é feito contra essa agressão diária é incapaz de resolver o problema de forma definitivaApenas 20% (10,4 toneladas) da poluição que entra na lagoa é removida pelo fluxo de seu efluente e pelas ações de limpeza de dois barcos e uma pequena balsa a serviço da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)Os outros 80%, que correspondem a mais de 40 toneladas, ficam depositados.
Para mostrar essa degradação ambiental, a reportagem do Estado de Minas percorreu os oito cursos d’água que carregam todo tipo de lixo e esgoto para a PampulhaOs poluentes saem de bairros da capital e de Contagem, na região metropolitanaOs riachos recebem dejetos de comunidades em ocupações irregulares ou que simplesmente não dispõem de rede de coleta da Copasa.
Os números, que mostram a situação de deterioração acelerada da lagoa em medições deste ano, constam do Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da PampulhaO EM teve acesso exclusivo ao trabalho, produzido pelo Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios (LGAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que será publicado no ano que vem“O resultado mostra que a lagoa está altamente poluída”, atesta o coordenador do LGAR, o biólogo Ricardo Motta Pinto Coelho, que produziu o atlas em conjunto com os alunos e pesquisadores.
O esforço de limpeza hoje se limita ao recolhimento do lixo que flutua sobre o espelho por 30 funcionários de uma empresa terceirizada
Problemas demais
O atlas identifica ainda uma série de outros problemas que contribuem para degradar a lagoaOs principais são assoreamento, verticalização da orla, trânsito excessivo de veículos, invasão de espécies exóticas e proliferação de algas e cianobactérias devido ao desequilíbrio da entrada de nutrientes na lagoa.
Como resultado, mesmo com o trabalho diário de limpeza surgem mosaicos de lixo sobre lodo e algas cobrindo extensas partes da lagoa, principalmente nos contornos das margensO mau cheiro se alastra para as áreas de lazer e incomoda quem pretende se exercitar, caminhar ou pedalar admirando o paisagismo e os monumentos do cartão-postal.
“A lagoa está muito suja e fedorentaDeixa menos agradável a nossa caminhadaÉ triste vir a um lugar bonito e ver pássaros se alimentando no meio do lixo”, afirma o técnico em informática Alvair de Oliveira Júnior, de 28 anosDiariamente, ele caminha pela orla com a mulher, a turismóloga Wilney Almeida Carmo, de 38.
Repórter registrou os problemasVeja: