A fila da adoção poderá andar mais rápido ou mais lentamente conforme o nível de preconceito dos candidatos a pais. Se um casal chegar agora no Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte pedindo um bebê do sexo feminino da cor branca, sem defeitos físicos nem problemas de saúde, que não tenha irmãos conhecidos, terá de esperar três anos e meio, em média, na fila do Cadastro Nacional da Adoção. “Vou logo falando a verdade, se não os pais adotivos podem ficar muito ansiosos”, avisa a psicóloga Rosilene Cruz, coordenadora técnica da Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte.
“Tem dia em que a gente sai daqui sem pensamento, sem palavras. É muita dor e tristeza”, reflete Rosilene Cruz, que consegue enxergar uma evolução nos dados, ainda que ligeira. No período de cinco anos, entre 2005 e 2010, o percentual de crianças pleiteadas de até 5 anos passou de menos de 1% para 2,9%. “Parece pouco, mas triplicou no período”, compara. Já o pedido de crianças de até 1 ano caiu de 46% em 2005 para 34% no ano passado. “Mas ainda persiste no imaginário dos pais a ideia de que a menina é mais dócil e mais fácil de educar. Como bem definiu o idealizador do cadastro nacional da adoção, os pais adotantes parecem sofrer de eugenia, querem filhos brancos e perfeitos”, lamenta.
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