O esforço da população para preservar uma árvore da espécie sete-cascas na Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, teve um desfecho vitorioso nessa quarta-feira. Em audiência no Conselho Municipal do Meio Ambiente, o secretário Sérgio Lima-Braga reafirmou que a árvore de 20 metros de altura permanecerá onde está e será feito um concurso, em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), para construção de um monumento artístico que sirva como escora para a árvore, já bastante mutilada.
“A obra de arte vai simbolizar a luta da população de Belo Horizonte em defesa e preservação da vida”, disse o secretário. Inicialmente, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirmava que a árvore tinha sido plantada sobre uma antiga manta asfáltica e a raiz não havia se desenvolvido, gerando um risco de queda da planta. O estudo foi contestado por ambientalistas, que garantem que a cova foi feita adequadamente, na década de 1980.
O secretário de Meio Ambiente admitiu que a prefeitura não tinha como verificar a situação da raiz e, por isso, contratou o serviço geológico do governo federal para fazer a análise.“Independente disso, a obrigação da prefeitura é escutar as legítimas reivindicações. Nos trabalhos de educação ambinetal estimulamos a população a participar da defesa do meio ambiente. Na hora que a população se manifesta, nos cabe ouvi-la”, disse o secretário.
Vitória
A diretora do Sindicato dos Arquitetos e integrante da Sociedade de Ecologia Urbana, Marimá Jordá Poblé, uma das lideranças do movimento para salvar a sete-cascas, considera uma vitória da cidade a manutenção da árvore. “Essa árvore é um símbolo de um novo olhar sobre arborização urbana”, disse Marimar. A arquiteta responsável pelo projeto de revitalização da Praça da Savassi, Edwiges Leal, disse que a sete-cascas sempre fez parte das suas prioridades.
“O nosso projeto é de 2008 e a sete-cascas sempre fez parte dele. Fizemos quatro diagnósticos na época: o ambiental, o social, de acessibilidade e percepção espacial. A sete-cascas integra o projeto da década de 1980, quando as esquinas foram anexadas à Praça Diogo Vasconcelos, no primeiro ensaio de fechamento de quarteirão na cidade, em benefício dos pedestre”, disse a arquiteta, lembrando que o projeto antigo está sendo complementado na revitalização da Savassi, estendendo os quarteirões fechados até às ruas periféricas, criando quatro praças que se integram à Diogo de Vasconcelos.
A arquiteta disse ter depoimentos de que uma cova de um metro quadrado foi feita na época, cortando o asfalto antigo. “Temos não somente a manta asfáltica, mas também uma base feita de pedras e macadames, que são materiais de compactação que não deixam a raiz adentrar ao solo. No entanto, a engenheira agrônoma da época, que trabalhava na Fundação Parques e Jardins, garante que o buraco chegou ao solo natural”, disse a arquiteta. “O cuidado foi redobrado na época e a podemos deduzir isso pelo porte da árvore. Ela não atingiria essa exuberância apenas com um canteirinho triangular em sua volta”, acrescentou.
Projetos A contratação do Serviço Geológico do Brasil para fazer o “ultrassom” da raiz deixa Edwiges animada. “Talvez nem seja preciso fazer mais furos em volta da árvore. Ela já está enraizada e nem vai precisar de escoras”, disse. Outra proposta, segundo ela, é o projeto de um engenheiro agrônomo para amarrar a sete-cascas com cabos de aço presos em árvores vizinhas. “Onde o cabo toca a árvore, haveria um amortecedor de borracha, em forma de pneu, para não danificar o tronco”, disse.
Seis galhos da sete-cascas chegaram a ser cortados. A secretária-geral do IAB, Rose Guedes, disse que é preciso fazer a conformação da árvore para que ela não seja agredida ainda mais. “Os cortes feitos não comprometem o equilíbrio da árvore, mas como ela seria suprimida, foram feitos sem pensar. Foi socorrida a tempo e sua estrutura não foi comprometida”, afirmou.
Entenda o caso
– Em Belo Horizonte, 22 mil árvores foram derrubadas nos últimos dois anos, para a execução de obras para a Copa do Mundo. Só em 2011, foram retirados 11,3 mil espécimes. O déficit de 7,7 mil árvores. A bióloga da UFMG Mônica Meyer denuncia que mais de 18 palmeiras imperiais serão cortadas na Avenida Antônio Carlos com o projeto BRT (transporte rápido por ônibus). “Já tivemos mais de 200 árvores cortadas na duplicação da Antônio Carlos. Agora, várias árvores serão cortadas. Dessas, 72 palmeiras-imperiais, sendo que 18 serão cortadas e as outras transplantadas. Eu só gostaria de saber para onde essas palmeiras, que demoraram mais de 40 anos para crescer, serão transportadas”, disse Mônica. Na Avenida Cristiano Machado, 499 árvores estão sendo cortadas para implantação do BRT.
“A obra de arte vai simbolizar a luta da população de Belo Horizonte em defesa e preservação da vida”, disse o secretário. Inicialmente, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirmava que a árvore tinha sido plantada sobre uma antiga manta asfáltica e a raiz não havia se desenvolvido, gerando um risco de queda da planta. O estudo foi contestado por ambientalistas, que garantem que a cova foi feita adequadamente, na década de 1980.
O secretário de Meio Ambiente admitiu que a prefeitura não tinha como verificar a situação da raiz e, por isso, contratou o serviço geológico do governo federal para fazer a análise.“Independente disso, a obrigação da prefeitura é escutar as legítimas reivindicações. Nos trabalhos de educação ambinetal estimulamos a população a participar da defesa do meio ambiente. Na hora que a população se manifesta, nos cabe ouvi-la”, disse o secretário.
Vitória
A diretora do Sindicato dos Arquitetos e integrante da Sociedade de Ecologia Urbana, Marimá Jordá Poblé, uma das lideranças do movimento para salvar a sete-cascas, considera uma vitória da cidade a manutenção da árvore. “Essa árvore é um símbolo de um novo olhar sobre arborização urbana”, disse Marimar. A arquiteta responsável pelo projeto de revitalização da Praça da Savassi, Edwiges Leal, disse que a sete-cascas sempre fez parte das suas prioridades.
“O nosso projeto é de 2008 e a sete-cascas sempre fez parte dele. Fizemos quatro diagnósticos na época: o ambiental, o social, de acessibilidade e percepção espacial. A sete-cascas integra o projeto da década de 1980, quando as esquinas foram anexadas à Praça Diogo Vasconcelos, no primeiro ensaio de fechamento de quarteirão na cidade, em benefício dos pedestre”, disse a arquiteta, lembrando que o projeto antigo está sendo complementado na revitalização da Savassi, estendendo os quarteirões fechados até às ruas periféricas, criando quatro praças que se integram à Diogo de Vasconcelos.
A arquiteta disse ter depoimentos de que uma cova de um metro quadrado foi feita na época, cortando o asfalto antigo. “Temos não somente a manta asfáltica, mas também uma base feita de pedras e macadames, que são materiais de compactação que não deixam a raiz adentrar ao solo. No entanto, a engenheira agrônoma da época, que trabalhava na Fundação Parques e Jardins, garante que o buraco chegou ao solo natural”, disse a arquiteta. “O cuidado foi redobrado na época e a podemos deduzir isso pelo porte da árvore. Ela não atingiria essa exuberância apenas com um canteirinho triangular em sua volta”, acrescentou.
Projetos A contratação do Serviço Geológico do Brasil para fazer o “ultrassom” da raiz deixa Edwiges animada. “Talvez nem seja preciso fazer mais furos em volta da árvore. Ela já está enraizada e nem vai precisar de escoras”, disse. Outra proposta, segundo ela, é o projeto de um engenheiro agrônomo para amarrar a sete-cascas com cabos de aço presos em árvores vizinhas. “Onde o cabo toca a árvore, haveria um amortecedor de borracha, em forma de pneu, para não danificar o tronco”, disse.
Seis galhos da sete-cascas chegaram a ser cortados. A secretária-geral do IAB, Rose Guedes, disse que é preciso fazer a conformação da árvore para que ela não seja agredida ainda mais. “Os cortes feitos não comprometem o equilíbrio da árvore, mas como ela seria suprimida, foram feitos sem pensar. Foi socorrida a tempo e sua estrutura não foi comprometida”, afirmou.
Entenda o caso
– Em Belo Horizonte, 22 mil árvores foram derrubadas nos últimos dois anos, para a execução de obras para a Copa do Mundo. Só em 2011, foram retirados 11,3 mil espécimes. O déficit de 7,7 mil árvores. A bióloga da UFMG Mônica Meyer denuncia que mais de 18 palmeiras imperiais serão cortadas na Avenida Antônio Carlos com o projeto BRT (transporte rápido por ônibus). “Já tivemos mais de 200 árvores cortadas na duplicação da Antônio Carlos. Agora, várias árvores serão cortadas. Dessas, 72 palmeiras-imperiais, sendo que 18 serão cortadas e as outras transplantadas. Eu só gostaria de saber para onde essas palmeiras, que demoraram mais de 40 anos para crescer, serão transportadas”, disse Mônica. Na Avenida Cristiano Machado, 499 árvores estão sendo cortadas para implantação do BRT.
– A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que mais de 3 mil espécimes de árvores já foram catalogados no inventário que vem sendo feito. No próximo mês, as duas empresas vencedoras da licitação irão começar o plantio de 54 mil mudas para substituir os espécimes cortados e preparar a cidade para a Copa do Mundo de 2014.