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Estado de Minas

Dono da Fórmula Pharma será ouvido nesta quarta sobre mortes por medicamento


postado em 14/12/2011 07:07

Subiu ontem para nove o número de mortes causadas pela suspeita de ingestão do Secnidazol 500mg, produzido pela farmácia de manipulação Fórmula Pharma, de Teófilo Otoni, Vale do Mucuri. O número de vítimas pode aumentar, segundo a delegada responsável pelas investigações, Herta Coimbra. A aposentada Madalena Barbosa de Souza, de 81 anos, é a mais nova identificada. Ela morreu em 23 de novembro, depois de tomar dois comprimidos do medicamento para matar vermes que teria principio ativo trocado por outro da fórmula de um anti-hipertensivo. O laboratório, interditado na semana passada, será alvo denovas buscas nesta quarta-feira.

A delegada Herta Coimbra, responsável pelas investigações, recebeu dois frascos do medicamento vendido ao casal Marcelo da Silva Vilela e Vaneide da Siva, internados no Hospital Santa Rosália, fora de perigo, e à aposentada Madalena Barbosa de Souza, de 81 anos, que morreu em Teófilo Otoni em 23 de novembro. A idosa tomou duas cápsulas e a família procurou a polícia segunda-feira para registrar queixa. "Ela foi sepultada sem que ninguém desconfiasse que foi intoxicada pelo medicamento", disse a delegada.

Professor de educação física, Marcelo foi ouvido segunda-feira no hospital e contou que em 26 de novembro ele a mulher tomaram quatro comprimidos cada um. Não tiveram forças para pedir socorro e foram salvos por um amigo. “A família do casal procurou a polícia no dia 5, quando a polícia e a Vigilância Sanitária começaram as investigações. O depoimento confirma a ingestão do Secnidazol e, se comprovada por laudo a sua alteração, atribui ao laboratório e ao seu bioquímico a responsabilidade pelas lesões causadas ao casal", disse a delegada. A policial conta que ainda não tem o laudo da Funed sobre a troca dos princípios ativos na fabricação do medicamento. "A alteração medicamentosa é crime previsto no Artigo 273 do Código Penal e os homicídios culposos resultaram dessa medicação alterada” disse.

O dono da farmácia, o bioquímico e técnicos devem prestar depoimento hoje. A informação da polícia é de que o proprietário estava ontem em Belo Horizonte. "Vamos apurar quem fez a troca e quem foi o responsável técnico pela manipulação do remédio", disse. Além de responder pelos oito homicídios culposos, os responsáveis serão enquadrados por lesões corporais aos sobreviventes.

EXUMAÇÃO


A polícia ainda não tem data para uma possível exumação dos corpos de vítimas sepultados em Teófilo Otoni e Novo Cruzeiro. “A exumação envolveria seis das oito vítimas. Duas já foram necropsiadas pelo IML. Cada caso será estudado, pois nos corpos embalsamados não há mais possibilidade de exame toxicológico. Vamos verificar todos os óbitos e saber quais deles foram embalsamados e quais não foram. Um corpo será exumado em Novo Cruzeiro, o de Sandra Maria Ramos Vieira, de 44 anos, que morreu em 20 de novembro. Outras duas mortes na cidade, de Adélia e Letícia, passaram pelo IML e conseguimos coletar vísceras para exame. A dona Madalena Barbosa de Souza, de 81, que morreu em 23 de novembro em Teófilo Otoni, foi liberada sem suspeita para sepultamento e o corpo foi embalsamado, mas a família esteve na delegacia e trouxe o frasco com o restante do medicamento, que passará por perícia química”, acrescentou.

Outras quatro vítimas estão sendo identificadas pela delegada, que vai apurar quem teve ou não o corpo embalsamado. “O corpo que não foi embalsamado será exumado para exame toxicológico em Belo Horizonte", disse. As outras pessoas que morreram, segundo ela, possivelmente são de Teófilo Otoni. Ela esclareceu que Madalena era natural de Ladainha, mas morava em Teófilo Otoni. No entanto, são cinco mortes na cidade e três em Novo Cruzeiro.

A delegada acredita que todas as cápsulas contaminados já foram recolhidas do mercado. “A Vigilância Sanitária já esteve em Novo Cruzeiro, arrecadou mais cápsulas e as encaminhou para Belo Horiozonte. Também esteve no laboratório e fez uma busca com quem estava com as cápsulas", disse. Até então, não houve mais mortes ou notícias de internação, segundo ela. As secretarias municipais de Saúde da região também foram alertadas, segundo a delegada, e entraram em contato com pessoas que adquiriram o medicamento na farmácia.


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