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Estado de Minas

Chuva em BH já superou mais de 60% da média esperada para dezembro

Temporal na madrugada de domingo provoca dezenas de desmoronamentos na Grande BH


postado em 19/12/2011 07:15 / atualizado em 19/12/2011 13:48

Denise Marques chora diante da casa, em Ribeirão das Neves, que teve o muro destruído:
Denise Marques chora diante da casa, em Ribeirão das Neves, que teve o muro destruído:"Só salvei a geladeira" (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A previsão de chuva forte em Belo Horizonte se confirmou e voltou a provocar desabamentos e deslizamentos em praticamente todas as regiões da capital e na Grande BH – só os bombeiros registraram 26. O temporal entre a noite de sábado e a manhã de ontem assustou moradores, que apenas na capital fizeram 166 chamados à Defesa Civil, e reacendeu alerta inclusive em construções que já estavam sob risco – casos dos prédios interditados no Bairro Buritis e de edifício no Gutierrez (leia mais abaixo). Somente na Região Centro-Sul, o volume de água entre a 0h e as 19h50 chegou a 118mm, mais do que um terço do previsto para dezembro. Em 18 dias, o acumulado chegou a 513mm, 60% a mais do que a média do mês inteiro. Segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, é a quarta vez desde 1972 que a barreira dos 500mm é batida em dezembro na capital e há possibilidade de o recorde no período, de 644,4mm, em 1987, ser alcançado este ano.

Em Ribeirão das Neves, o domingo foi de tristeza e sobressaltos para Denise Aparecida Silveira Marques, de 49, moradora do Bairro Jardim de Alá. Eram 10h30, quando ela passava roupa na sala de sua casa, na Rua Manoel Carvalho, e ouviu um estouro. No quarto ao lado, o neto Cauã, de dois anos e meio, brincava com a gatinha Nininha. O barulho que a mulher escutara era do muro de arrimo de frente, que acabara de desabar, provocando a completa destruição da moradia.

Denise correu para o quarto e viu, de imediato, uma viga de concreto sobre a cama da criança – a gatinha já estava morta. Socorreu Cauã e viu que a madeira da cama comprimia a perna do garoto, que teve fratura no fêmur e foi levado para um hospital particular de BH, no Bairro Santa Efigênia. “Só salvei a geladeira”, lamentou Denise. O menino foi direto para o bloco cirúrgico e foi operado. A queda do muro atingiu a casa da vizinha Cláudia Cândida Rodrigues, de 39, casada e mãe de dois filhos. Abraçada à árvore de Natal que acabara de montar, ela chorou muito. “Eu estava na igreja quando tudo aconteceu. A minha filha estava fazendo café e, graças a Deus, ninguém aqui se feriu”, contou Cláudia, ao lado de parentes.

Susto No Bairro Bom Jesus, próximo da Avenida Antônio Carlos, Região Noroeste, o susto foi com o policial civil aposentado Virgilino Rosa Filho, de 71 anos. Por volta das 8h, o muro de arrimo de sua casa cedeu e os entulhos chegaram até o outro lado da rua. Bombeiros e Defesa Civil estiveram no local. Ficou determinado que o muro do outro lado será sinalizado para evitar passagem de pedestres e estacionamento de carros, já que também corre o risco de desmoronar.

Na Região Nordeste, no Bairro São Paulo, na Rua Perdigão, uma grande cratera se abriu e um Opala que estava abandonado foi parcialmente arrastado. O engenheiro agrícola Rogério Sabino da Silva, que mora na rua, disse que em agosto a Copasa fez uma intervenção exatamente onde surgiu a cratera. Sua casa está ameaçada, mas ela está em fase final de construção e não está habitada. Funcionários da Copasa trabalharam durante o dia de ontem para sanar o problema.

Também na Região Nordeste, um deslizamento aconteceu na Rua Domingos Fernandes, altura do número 219, no Bairro União, colocando em risco o muro de uma residência. Um desabamento parcial ocorreu de manhã em um barracão no Bairro Maria Helena, Região de Venda Nova. Foi na Rua Santíssima Trindade, 47, e deixou três pessoas levemente feridas, que foram socorridas no Hospital Risoleta Neves.

A chuva também trouxe problemas para a cidade de Esmeraldas, na Grande BH, onde a Lagoa da Ilha, no Bairro Recanto Verde, encheu e arrebentou o dique de contenção. Toda a água represada vazou, transformando a lagoa em um lamaçal. Os bombeiros interditaram o local com uma fita para evitar a passagem de pessoas e possíveis acidentes.

EMERGÊNCIA EM 19 CIDADES

Dezenove cidades mineiras já decretaram situação de emergência em virtude das chuvas. Além da capital e Florestal, na Grande BH, 17 municípios do interior tiveram problemas com enchentes, temporais de granizo, vendavais, enxurradas e deslizamentos, sendo que 10 estão na Zona da Mata. Os dois últimos a decretar foram Barra Longa e Acaiaca, ambos na Zona da Mata. Somando números de ontem aos registros da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, são cinco feridos, 459 desalojados, 38 desabrigados, 1,4 mil casas danificadas e 40 residências destruídas.


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