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Estado de Minas

Rotina de riscos no Anel Rodoviário


postado em 21/12/2011 06:00 / atualizado em 21/12/2011 06:57

Família corre risco ao atravessar na altura da Vila da Luz, no anel, por onde passam cerca de 100 mil veículos por dia(foto: FOTOS ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Família corre risco ao atravessar na altura da Vila da Luz, no anel, por onde passam cerca de 100 mil veículos por dia (foto: FOTOS ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)


Barracões invadem o asfalto bem próximo ao entroncamento para Sabará ou Vitória, na Favela da Luz, no Anel Rodoviário. A dúvida, cuja sinalização não ajuda a resolver, especialmente em tempos de chuva forte, já levou caminhões para cima da mureta. Mas o maior risco mesmo é a travessia de pedestres no sentido contrário, rumo ao Rio de Janeiro. N.C, de 10 anos, foi atropelado no sábado por um carro, que o jogou longe. Na queda, machucou o rosto e perdeu dois dentes. “Achei que minha família iria atravessar, mas eles ficaram e eu fui”, conta o menino.

A chuva provoca problemas que vão muito além da visibilidade e risco de acidente em perímetro urbano do anel. O rastro que deixou, segundo especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, exigiria que as obras de reforma dos 26,5 quilômetros do anel fossem antecipadas e não adiadas. A previsão inicial era de que o projeto saísse do papel no início de 2012, mas o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já anunciou o adiamento para junho de 2013.

“A solução é cumprir o projeto que já existe: licitar e executar a obra”, afirmou o presidente da Comissão de Transporte de Infraestrutura da Sociedade Mineira de Engenheiros, Geraldo Dirceu de Oliveira. “É preciso fazer manutenção e acelerar a reforma”, avaliou o consultor em transportes Osias Batista Neto.

Pelo anel, inaugurado no início dos anos 1960, passam hoje cerca de 100 mil veículos diariamente. “Ele foi a melhor solução por muito tempo, mas o crescimento populacional, a ocupação do entorno e o intensificação do tráfego mudaram a história. A via ficou sobrecarregada e há problemas de todas as espécies. Daí a necessidade de reedificação”, diz Oliveira.

Para ele, um dos maiores problemas é a drenagem das águas. Em mais de um ponto, veículos jogam jatos fortes de água sobre outros e a visibilidade prejudicada é convite à colisão. Próximo à Rua Professor José Vieira Mendonça, no Engenho Nogueira (Pampulha), a curva à esquerda no sentido Rio direciona a água suja para a mureta central. Os veículos, ao atravessarem a “piscina”, jorram água para a outra pista, tampando a visão de quem dirige.

Para Batista Neto, independentemente de chuva ou sol, o maior problema no anel é a velocidade limite não respeitada de até 80 km/h em todo o trecho. “É preciso colocar outros radares enquanto a pista não permitir uma velocidade maior”, avalia. Suas medições chegaram a apontar 130 km/h. A velocidade também é explicação, em muitas vezes, para desastres que mataram 30 pessoas e fizeram 831 feridos nos 2.512 registros de acidentes neste ano (até dezembro), segundo a PRF.

Revitalização

O Dnit informou, por meio de nota, que a maior parte dos problemas será corrigida com as obras de revitalização. “Quanto a trechos sujeitos a alagamentos, todos são periodicamente verificados e imediatamente sanados os possíveis problemas de drenagem”.

"Não esperei indenização da prefeitura para sair. Mudei aqui para perto, mas para onde não há risco de deslizamento.Essa encosta pode cair a qualquer hora. Fico preocupado porque a minha irmã está lá", Benil Soares de Souza, ex-morador da Vila Paraíso, no Bairro Betânia (foto: FOTOS ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Benil Soares de Souza, ex-morador da Vila Paraíso, no Betânia (Região Oeste), já viu muitas tragédias até que o radar eletrônico fosse instalado: “Não esperei indenização da prefeitura para sair. Mudei aqui para perto, mas para onde não há risco de deslizamento. Essa encosta pode cair a qualquer hora”.

Segundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de BH (Urbel), a Vila Paraíso tem 840 moradores em 200 domicílios. A vila está em área da faixa de domínio do anel, cuja jurisdição cabe ao Dnit, e também em faixa de servidão de linha de transmissão da Cemig. “Para as intervenções de requalificação do anel há previsão de retirada de famílias que ocupam áreas irregulares ao longo da rodovia. A prefeitura já definiu que o trabalho de remoção e reassentamento desses moradores será realizado pela Urbel”, informou. A Urbel aguarda a assinatura do convênio entre o Dnit e o município.


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