Jornal Estado de Minas

Troca de medicamentos

Funed encontra anti-hipertensivo em remédio que causou mortes em MG

A quantidade de anti-hipertensivo encontrada nas cápsulas é 100 vezes maior que uma pessoa pode consumir

Luana Cruz

Essa é a prova de que houve troca de substâncias na produção do medicamento usado pelas vítimas, um erro na hora de fazer o medicamento - Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), informou na tarde desta quinta-feira que as análises físico-químicas feitas em cinco amostras de Secnidazol 500mg, que causaram a morte de 10 pessoas em Teófilo Otoni, identificaram a presença do anti-hipertensivo Anlodipina Besilato 5 mgEssa é a prova de que houve troca de substâncias na produção do medicamento usado pelas vítimas, um erro na hora de fazer o remédioA análise confirmou o uso de anti-hipertensivo no lugar de antifúngico“Isso confirma a intoxicação”, afirma a delegada Herta Coimbra que coordena as investigações.

De acordo com a SES, as amostras foram coletadas pela Vigilância Sanitária e pela Polícia Civil na casa de pacientes que consumiram o medicamentoAs análises da Funed foram acompanhadas pelo dono da farmácia de manipulação Fórmula Pharma, Ricardo Luis PortilhoA avaliação das cápsulas foi feita em duas etapas, uma delas não identificou a presença de antiparasitário no Secnidazol sendo que o remédio era indicado para combater vermesNa segunda fase, a equipe técnica encontrou anti-hipertensivo, evidenciando a troca das susbtâncias

Segundo a secretaria, o próximo passo é quantificar a presença da Anlodipina Besilato para emissão de laudoA previsão é que o resultado fique pronto em 20 diasMas, segundo o gerente de Regional de Saúde de Teófilo Otoni, Ivan Santana, a quantidade de anti-hipertensivo encontrada nas cápsulas é 100 vezes maior que uma pessoa pode consumir

O secretário Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, reafirmou que o caso não é um problema de saúde pública e sim um caso de polícia

“Estamos muito consternados, nos solidarizamos com as famílias que sofreram com a perda dos seus entes queridosMas, queria deixar claro que envidamos todos os esforços para conduzir este episódio com o máximo de transparênciaAgora, o problema se torna um caso de polícia, porque tivemos a clareza do erro técnico grave”, explicou

Nesta quinta-feira outros seis corpos foram exumados. Ao todo foram oito exumações - Foto: FRANCISCO COUY (ASSISTENTE TECNICO DO IML)/DIVULGACAO Investigação

De acordo com a SES, as investigações começaram no dia 1º de dezembro e apontaram uma possível relação entre os casos e a ingestão do Secnidazol 500 miligramas, remédio manipulado pela Fórmula PharmaNo início havia a suspeita de oito mortes por contaminação com o remédio e o número passou para 10

Como parte das investigações, os corpos das vítimas começaram a ser exumados na quarta-feiraA Polícia Civil de Teófilo Otoni esteve no cemitério da Ladainha para coletar as vísceras de Levindo Rodrigues Carvalho, que morreu em 23 de novembro, e de Deolinda Silva de Almeida, que morreu em 28 de novembroNesta quinta-feira outros quatro corpos foram exumados em Teófilo Otoni, segundo informou a delegada Herta CoimbraOutros dois foram retirados em Córrego Coruja, distrito de Caraí e outro em Novo Cruzeiro, cidades do Vale do Jequitinhonha