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Estado de Minas TROCA DE MEDICAMENTOS

Funed encontra anti-hipertensivo em remédio que causou mortes em MG

A quantidade de anti-hipertensivo encontrada nas cápsulas é 100 vezes maior que uma pessoa pode consumir


postado em 22/12/2011 14:26 / atualizado em 22/12/2011 17:29

Essa é a prova de que houve troca de substâncias na produção do medicamento usado pelas vítimas, um erro na hora de fazer o medicamento(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Essa é a prova de que houve troca de substâncias na produção do medicamento usado pelas vítimas, um erro na hora de fazer o medicamento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES), por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), informou na tarde desta quinta-feira que as análises físico-químicas feitas em cinco amostras de Secnidazol 500mg, que causaram a morte de 10 pessoas em Teófilo Otoni, identificaram a presença do anti-hipertensivo Anlodipina Besilato 5 mg. Essa é a prova de que houve troca de substâncias na produção do medicamento usado pelas vítimas, um erro na hora de fazer o remédio. A análise confirmou o uso de anti-hipertensivo no lugar de antifúngico. “Isso confirma a intoxicação”, afirma a delegada Herta Coimbra que coordena as investigações.

De acordo com a SES, as amostras foram coletadas pela Vigilância Sanitária e pela Polícia Civil na casa de pacientes que consumiram o medicamento. As análises da Funed foram acompanhadas pelo dono da farmácia de manipulação Fórmula Pharma, Ricardo Luis Portilho. A avaliação das cápsulas foi feita em duas etapas, uma delas não identificou a presença de antiparasitário no Secnidazol sendo que o remédio era indicado para combater vermes. Na segunda fase, a equipe técnica encontrou anti-hipertensivo, evidenciando a troca das susbtâncias.

Segundo a secretaria, o próximo passo é quantificar a presença da Anlodipina Besilato para emissão de laudo. A previsão é que o resultado fique pronto em 20 dias. Mas, segundo o gerente de Regional de Saúde de Teófilo Otoni, Ivan Santana, a quantidade de anti-hipertensivo encontrada nas cápsulas é 100 vezes maior que uma pessoa pode consumir.

O secretário Estado de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza Marques, reafirmou que o caso não é um problema de saúde pública e sim um caso de polícia. “Estamos muito consternados, nos solidarizamos com as famílias que sofreram com a perda dos seus entes queridos. Mas, queria deixar claro que envidamos todos os esforços para conduzir este episódio com o máximo de transparência. Agora, o problema se torna um caso de polícia, porque tivemos a clareza do erro técnico grave”, explicou.

Nesta quinta-feira outros seis corpos foram exumados. Ao todo foram oito exumações (foto: FRANCISCO COUY (ASSISTENTE TECNICO DO IML)/DIVULGACAO )
Nesta quinta-feira outros seis corpos foram exumados. Ao todo foram oito exumações (foto: FRANCISCO COUY (ASSISTENTE TECNICO DO IML)/DIVULGACAO )
Investigação

De acordo com a SES, as investigações começaram no dia 1º de dezembro e apontaram uma possível relação entre os casos e a ingestão do Secnidazol 500 miligramas, remédio manipulado pela Fórmula Pharma. No início havia a suspeita de oito mortes por contaminação com o remédio e o número passou para 10.

Como parte das investigações, os corpos das vítimas começaram a ser exumados na quarta-feira. A Polícia Civil de Teófilo Otoni esteve no cemitério da Ladainha para coletar as vísceras de Levindo Rodrigues Carvalho, que morreu em 23 de novembro, e de Deolinda Silva de Almeida, que morreu em 28 de novembro. Nesta quinta-feira outros quatro corpos foram exumados em Teófilo Otoni, segundo informou a delegada Herta Coimbra. Outros dois foram retirados em Córrego Coruja, distrito de Caraí e outro em Novo Cruzeiro, cidades do Vale do Jequitinhonha.


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