Geólogos e engenheiros do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em Brasília, chegam nesta quarta-feira a Belo Horizonte para avaliar as condições da pista no km 19 do Anel Rodoviário, no Viaduto São FranciscoA vistoria vai definir as intervenções que devem ser feitas no trecho, que já tem duas das três pistas interditadas devido a deslizamentos abaixo da via, que causaram rachaduras no asfaltoO supervisor do Dnit em Minas, engenheiro Alexandre Oliveira, informou que há risco de o aterro que sustenta o Anel Rodoviário ceder e provocar o fechamento total da rodovia no sentido BH-Vitória
“O aterro está rompido e a terra está solta Se continuar chovendo, vamos precisar fechar o AnelNesta terça-feira, tivemos um dia de sol, mas ainda assim é difícil dizer o que vai ocorrerPode ser uma situação de alívio, mas o risco de deslizamento existe”, garantiuCaso a interdição seja necessária, o que vai depender da avaliação de hoje, pelo menos duas intervenções podem ser adotadas “A solução pode ser uma obra rápida de terraplanagem, de 30 a 40 dias, para reconstrução do aterro, ou uma intervenção mais complexa de contenção, que exigiria mais tempo”, disse
“A situação já é de risco, de emergênciaNão podemos conviver com ela, pois há o risco de descerMas também não podemos só chegar lá e abrir o aterroEstamos com cautelaTudo vai depender da solução que for apontada pelos técnicos”, garante o engenheiro
Enquanto isso, medidas paliativas são adotadas para evitar uma tragédiaNessa terça-feira, funcionários de uma empreiteira fizeram reparos em um trecho de 200 metros na cabeceira do viaduto e a Polícia Militar Rodoviária limitou a passagem a uma única pistaA mesma medida foi adotada no km 7, no Bairro Betânia, onde o aterro cedeu e provocou um buraco na pistaOs dois trechos registraram retenções durante todo o dia
Remoções
Além da burocracia do Dnit, é preciso que 50 famílias que moram na Vila Cachoeirinha, perto do viaduto, deixem o local
Na mesma condição está a filha dela, a balconista Claudinéia de Souza, de 26, que tem o Anel como vizinho de parede“Estou com muito medo e busco uma casa para morar com o marido e o filhoA casa está cheia de rachaduras”, dizSegundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), 14 famílias foram abordadas para deixar as moradias e seis pediram o Bolsa Moradia e estão em processo de saída
E, mesmo cientes do risco desabamentos e da lentidão das pessoas para deixar o local, o Dnit, a Urbel e a Defesa Civil se contradizem“A Defesa Civil e a prefeitura já sabem do risco de o barranco ceder e soterrar os barracosJá fizemos o comunicado e hoje enviamos novo ofícioA realocação deve ser feita o quanto antes”, cobra o engenheiro.
“Não temos poder de polícia Não podemos pegar as pessoas pelo braço e retirá-lasOs casos de resistência são levados à Defesa Civil”, defende a diretora da Urbel, Isabel VolponiSegundo a Defesa Civil, três moradias foram interditadas e as famílias foram retiradas