Enquanto nos morros íngremes dos arredores de Ouro Preto, na Região Central de Minas, 2 mil pessoas vivem com o medo de soterramento, no Centro Histórico de mais de 300 anos cinco construções e monumentos com obras do mestre Aleijadinho estão ameaçadas de ruirSegundo levantamento da prefeitura e da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), o terreno íngreme e as chuvas intensas tornaram constante o monitoramento das igrejas de São José dos Homens Pardos e de Nossa Senhora das Mercês de Cima, do Museu da Inconfidência, da Santa Casa e da Ponte Seca.
A situação mais instável é a dos dois templos do século 18Na Igreja de Nossa Senhora das Mercês de Cima, na mesma rua da rodoviária, soterrada na terça-feira, o morro que sustenta a sua estrutura já desmoronou parte de sua baseUm muro de contenção feito de pedras veio abaixo empurrado pela terra que desceu o morro, na Rua Rodrigo ToffoloA construção tem arquitetura do mestre Manuel Francisco de Araújo e esculturas de Manuel Gonçalves Bragança
Também sob outro braço de morro que vem da rodoviária, a Igreja de São José dos Homens Pardos fica na beira de um monte alto cercado dos dois lados por precipícios íngremesAlém de abrigar um altar do mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o cemitério do templo abriga cinzas do escritor Bernardo Guimarães, autor de Escrava Isaura.
Sob risco
No Museu da Inconfidência, que guarda peças e documentos da Inconfidência Mineira, e na Ponte Seca, que sustenta um casario colonial do século 18, o engenheiro geotécnico Romero Cesar Gomes, da Ufop, diz que há áreas de instabilidade que são monitoradas“A cidade cresceu num vale entre as serras de Ouro Preto e do ItacolomiO Centro Histórico é mais seguro, mas nesses locais há riscos de desabamento e de atingir partes inestimáveis do patrimônio”, afirma.
A prefeitura, contudo, assume que correm risco apenas a Igreja de São José dos Homens Pardos e a Santa Casa, um prédio do século 18 que também fica na rua do desabamento da rodoviária e está para ser reformado e transformado no Paço da MisericórdiaAmbos são monitorados por inclinômetrosSão instrumentos que ficam sob a terra, medindo o deslocamento e a movimentação do solo dos morros à sua volta, para avaliar r se há riscos imediatos de desmoronamento“Nessas chuvas não houve ainda qualquer risco a esses edifícios
Nessas chuvas, edifícios tombados e outros importantes já foram atingidos, como o sobrado do Solar Baeta Neves, primeira construção neocolonial da cidadeEm dezembro, o edifício foi atingido por um deslizamento de terraEle e o barracão ao lado foram interditados pela Defesa CivilNo Bairro Jardim Alvorada, uma das áreas de risco, a capelinha de Nossa Senhora de Lourdes ficou dependurada na beira do barranco por onde passa um córrego