Chegar a locais onde a água e a lama deixaram pessoas ilhadas, com fome e desesperadas, tem movido grupos de voluntários em municípios atingidas pelas chuvas. Esse é o trabalho cotidiano de muita gente que parou suas atividades para recolher e levar donativos, materiais de limpeza e de higiene, além de uma dose de solidariedade, que arranca sorrisos em meio ao sofrimento e à dor. Muitos voluntários têm enfrentado situações adversas de chuva e estradas interrompidas, na esperança da diminuir as dificuldades de famílias que sentem na pele os estragos dos temporais em Minas.
Outra movimentação de jipeiros é feita na capital para amenizar o fim de semana de quem sofre com alagamentos. À frente do planejamento, o aposentado Oduvaldo Reis, de 60, busca roupas, cestas básicas e colegas com carros off road para levar socorro a vítimas. “O trabalho consiste em fazer sem esperar nada em troca”, diz Reis.
Tragédia
Belo Vale, na Região Central, também está na rota do voluntariado da chuva. Da capital, o empresário Ângelo Simão se mobiliza para levar colchões, alimentos, material de limpeza, roupas e agasalhos para as vítimas que perderam tudo com as enchentes. “Já fiz esse trabalho em outros anos e me sinto gratificado. Para mim, chega a ser uma forma de agradecimento por estar bem e confortável mesmo diante de tantas tragédias. Me sinto na responsabilidade de fazer isso por alguém que está em dificuldade”, afirma o empresário. O recolhimento dos donativos teve início nessa quinta-feira e vai durar até a manhã de sábado, quando ele vai para Belo Vale. Quem quiser fazer doações pode ligar para os telefones 3344-7955 ou 8767-2711.
Para quem convive diariamente com situações de risco e de tragédias, o apoio dos voluntários é considerado fundamental. De acordo com o coordenador municipal de Defesa Civil da capital, coronel Alexandre Lucas Alves, o trabalho dos voluntários é importante e pode ser feito durante todas as épocas do ano. Na capital, ele destaca a atuação dos núcleos de Defesa Civil (Nudecs) e de Alerta de Chuvas (NACs). O primeiro trabalha prevenção e risco geológico, enquanto os voluntários do NAC avisam comunidades inteiras e mobilizam a retiradas de pessoas de áreas de risco diante de uma alerta de chuva forte e inundação.
O chefe da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, coronel Edgard Estevão da Silva, destaca a importância do trabalho de associações, escoteiros, jipeiros, profissionais de saúde e de todos que se dispõem a ajudar vítimas, mas faz um alerta: “Não recomendamos que as pessoas se envolvem em atividades que coloquem suas vidas em risco. Diante de qualquer situação de perigo, os bombeiros devem ser acionados”.