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Estado de Minas

Bairros de BH em alerta por causa da chuva e risco de desabamentos

Defesa Civil determina saída de moradores no Buritis, onde vários prédios correm risco de desabamento. Outras áreas nobres de BH, como Mangabeiras, também estão ameaçadas


postado em 07/01/2012 06:00 / atualizado em 07/01/2012 07:06

 

Quatro prédios têm risco iminente de desabamento no Buritis. Os três primeiros (da esquerda para a direita) estão desocupados. O quarto terá de ser desocupado neste fim de semana (foto: RENATO WEIL/EM/D.A PRESS )
Quatro prédios têm risco iminente de desabamento no Buritis. Os três primeiros (da esquerda para a direita) estão desocupados. O quarto terá de ser desocupado neste fim de semana (foto: RENATO WEIL/EM/D.A PRESS )

 

A situação de risco de várias regiões de BH, inclusive áreas nobres, e a previsão de mais temporais até terça-feira deixam a capital em alerta contra desabamentos. Moradores dos bairros Buritis, Mangabeiras e Caiçara estão preocupados. No fim da tarde de ontem, a Defesa Civil notificou quatro famílias para deixarem o Condomínio Brisas do Vale neste fim de semana. O edifício na Rua Laura Soares Carneiro, 177, no Buritis, é vizinho do prédio Vale dos Buritis, que está condenado e ameaça cair.

A assistente administrativa Hedylamar Almeida Sandinha, de 58 anos, moradora do apartamento 301 do Brisas do Vale, assinou a notificação. “Eu estava chegando do serviço e fui surpreendida com a informação. Os técnicos da Defesa Civil orientaram a não permanecermos aqui no fim de semana, já que a queda do prédio condenado poderia causar danos em nossos imóveis. É uma determinação preventiva e eles disseram que haverá policiamento para evitar problemas”, explicou.

Hedylamar disse ainda que iria conversar com os outros moradores para se decidir se acatarão a orientação da Defesa Civil. “É um absurdo a situação ter chegado a esse ponto. Houve tempo suficiente para que as autoridades fizessem o que era necessário”, desabafou. No momento da notificação apenas duas famílias estavam no local.

Os prédios em risco de desabamento no Buritis estão sob verdadeiro efeito dominó. Se antes apenas o Vale dos Buritis ameaçava cair, agora, o perigo se estende para construções vizinhas. Ontem, o movimento de moradores do entorno foi intenso na Rua Laura Soares Carneiro. Todos se espantaram com a evolução dos problemas entre a noite de quinta-feira e a manhã de ontem. O medo é de que haja desmoronamento que atinja quem vive na Avenida Protásio de Oliveira Penna, na parte de baixo da Laura Soares Carneiro.

O passeio e o asfalto em frente à edificação ao lado do Vale dos Buritis afundaram. Do lado de fora, é possível ver que o teto dos apartamentos está cedendo. Um blindex do hall de entrada estourou e o outro está quase caindo. O compartimento de concreto feito para abrigar botijões de gás está inclinado. Ontem pela manhã, o muro que ligava os dois prédios do Condomínio Art de Vivre desmoronou.

Na parte de trás, o barranco inspira medo. A tubulação da rede de água está totalmente visível e suspensa sobre o solo. Alguns canos estão tortos. Um buraco na parede do prédio mais atingido e um cano jorram água. Para quem mora na Laura Carneiro Soares, verificar o avanço das rachaduras no chão se tornou rotina. É o caso da administradora Lu Coch, moradora do número 177. “A população exige urgência na demolição dos prédios e quer que o juiz do caso venha aqui para ver a situação. Vendo o que está se passando, com certeza ele tomará uma atitude”, bradou, ao lado de vizinhos. Ela diz que entende a posição dos antigos moradores em querer se resguardar de todos os direitos antes da demolição: “Ninguém deu um parecer oficial, no processo não há um laudo comprovando nada. O único fato concreto são os prédios”. “Moro no bairro há 17 anos, pagamos IPTU caro e nem boca de lobo temos. Estamos revoltados e se não houver uma solução vamos fechar a Avenida Mário Werneck (a principal via do Buritis). Não pode ocorrer isso num bairro de 46 mil habitantes”, disse.

A associação de moradores entrou com ação civil pública cobrando apuração das responsabilidades. “A via foi danificada e gerou grande dano à comunidade. A situação dos prédios põe em risco quem mora na Protásio de Oliveira e, se o edifício cair, será uma catástrofe”, ressalta o vice-presidente da associação, Paulo Gomide.

A advogada dos moradores do Vale dos Buritis, Karen Teixeira, vai entrar segunda-feira com pedido de impugnação da liminar que negou a indisponibilidade dos bens da Estrutura Engenharia. Segundo ela, os antigos moradores autorizaram a demolição, mas querem saber quem arcará com os custos da intervenção, além de terem garantida a intimação referente à data e horário do serviço.

 
Depoimento

Liliane Corrêa
EDITORA DE ECONOMIA E MORADORA DO BURITIS

Morar no Buritis, hoje, é dar voltas e desviar de buracos para, finalmente, atingir o engarrafamento. O drama da interdição vai muito além dos prédios. Em uma porção do bairro caracterizada por quarteirões gigantes e pelas matas da Copasa e do Parque Aggeo Pinto Sobrinho, uma rua e meia avenida interditadas obrigam outros milhares de pessoas a alterar sua rotina. Dos quatro caminhos possíveis para a minha casa, por exemplo, dois estão interditados e o terceiro passou cerca de 12 horas fechado por força de um buraco colossal, entre quinta-feira e ontem. A partir de 1º de fevereiro, a rua dos prédios condenados volta a ser o caminho da escola para dezenas de estudantes que vão e voltam a pé do Colégio Magnum. Não passar pelo trecho em que a rua ameaça desabar significaria uma volta de cerca de 10 quarteirões regulares, entre descidas e subidas acentuadas. A rua, afinal, é segura para pedestres? E quando os acessos serão liberados para veículos? Devolver as ruas ao bairro também é questão urgente.


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