Jornal Estado de Minas

Nível de represa diminui e afasta risco de nova tragédia na Zona da Mata

A situação começa a ficar mais tranquila em Dona Euzébia, na Zona da Mata mineira. Em Guidoval, o cenário ainda é de completa destruição, mas moradores não param de trabalhar na limpeza da cidade

Jefferson da Fonseca Coutinho Daniel Silveira

- Foto: Marcos Michellin/EM/D.A.Press

A situação começa a ficar um pouco mais tranquila em Dona Euzébia, na Zona da Mata mineiraO nível da água do açude da antiga usina de açúcar de Astolfo Dutra, município vizinho, está baixando, graças ao trabalho da força tarefa dos funcionários da fábrica de sucos Bela Ishia, localizada próximo ao terreno da barragemHavia o risco de rompimentoO volume de água que se desprenderia seria o equivalente a nove trombas d'água no Rio Pomba, o que destruiria grande parte da cidade

 

Cidades assoladas iniciam reconstruçãoConfira as imagens

 

Desde quarta-feira os funcionários da fábrica, acompanhados por agentes da Defesa Civil e militares do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar de Meio Ambiente, trabalham abrindo duas valas para escoamento da águaSó nas primeiras cinco horas de trabalho, entre as 23h e as 4h, foram retirados seis caminhões de terra de uma vala aberta com 15 metros de comprimento por 2 de profundidade.

A iniciativa da força tarefa partiu do próprio dono da fábrica, Marcelino Tilli, que comprou o terreno há pouco mais de um mêsHá décadas os moradores da cidade convivem com a represa da usina, que até então nunca havia representado perigoO prejuízo do empresário ainda não pode ser calculado, mas seu empenho é determinante para garantir a sobrevivência da populaçãoA barragem do açude já foi recuperada, depois de avarias provocadas pela elevação em meio metro do nível da água.

À noite, Guidoval se assemelha a uma cidade fantasma, com ruas desertas - Foto: Marcos Michellin/EM/D.A.Press

Em Guidoval, cidade-irmã de Dona Euzébia, o cenário ainda é de completa destruiçãoO sol voltou a raiar no município nos últimos três dias, embora pancadas de chuva teram ocorrido na sexta-feira

Pelas ruas de grande parte da cidade o mau cheiro exala em meio à lama, destroços das casas, restos de comida já podre e animais mortos.

Durante o dia, os moradores da cidade não param de trabalhar na limpeza das ruas e casas que restaramTodos ainda estão em estado de choque, mas mantêm a esperança de que pouco a pouco poderão reconstruir suas vidasA solidariedade é o que de maior valor chega ao municípioAlém da ajuda humanitária de homens do Exército, moradores de cidades vizinhas entram e saem de Guidoval, levando água e comida para as vítimas da enchente, que deixou o município submerso.

A saúde da população é uma das grandes preocupações das autoridadesA Secretaria de Saúde está vacinando os moradores contra o tétano e oferecendo atendimento médico às vítimas da tragédiaNas primeiras horas de 2012, as águas do Rio Xapotó subiram mais de 15 metros, provocando um verdadeiro tsutami de lama na pequena cidade de 7 mil habitantesCom a ameaça de novos temporais, a população de Guidoval e Dona Euzébia foge das margens dos rios, temendo nova cheia.

Em Cataguases, outra cidade da Zona da Mata em situação de emergência, onde a equipe de reportagem do Estado de Minas passa a noite, voltou a chover pesado na noite deste sábado