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Estado de Minas

Sobreviventes enterram mãe e irmão em Além Paraíba

Enterro foi realizado sob forte comoção


postado em 11/01/2012 06:00 / atualizado em 11/01/2012 06:35

 

Fui afundando e subindo, bebendo água, com muitos móveis e pedaços de pau batendo em mim - Leandra Alves, estudante, 12 anos(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Fui afundando e subindo, bebendo água, com muitos móveis e pedaços de pau batendo em mim - Leandra Alves, estudante, 12 anos (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

 

Salvas das enchentes do Rio Limoeiro, duas moradoras do Bairro Vila Matias, um dos mais castigados pelas enchentes em Além Paraíba, as irmãs Leandra Alves, de 12 anos, e Letícia, de 7, voltaram a chorar nessa terça-feira. Pela manhã, a mãe delas, a diarista Aparecida Alves, de 23, e o irmão caçula, Igor, de 2, foram sepultados na mesma cova do Cemitério Municipal.

Letícia foi salva, segunda-feira, graças à coragem do mecânico Wellington Luiz Melo, o Magal, de 47 anos, que pulou do segundo andar de casa e mergulhou para resgatá-la, quando era carregada pela correnteza e gritava por socorro. Leandra se agarrou a um colchão e a uma grade de janela e, quando já desistia da vida, uma mão estendida a puxou de volta.

Na tarde dessa terça-feira, Leandra retornou ao que sobrou da casa na tentativa de recuperar alguma coisa. Resgatou duas leiteiras, usadas para  ferver o leite  do  irmãozinho que morreu. Sem casa, sem mãe, sem irmão e sem ao menos uma fotografia para guardar, Leandra foi morar com a avó e Letícia com uma tia.

Leandra conta que, de madrugada, ela e os irmãos foram acordados pelo barulho da água do rio, que invadiu o bairro  com força arrasadora, levando paredes e móveis. A mãe, que ainda curtia a casa que ganhou de presente do patrão há oito meses, quis de qualquer jeito salvar o que podia.

Leandra lembra que colocou os irmãos sobre a cômoda e a sua mãe se recusou a deixar a casa, levantando os móveis, mesmo com os vizinhos tentando alertá-la do perigo, aos gritos. "A água subiu muito depressa e passou por cima da cômoda. Derrubou meus dois irmãos. As paredes estouraram e os dois foram arrastados pela correnteza para fora", conta. A adolescente diz que foi levada pela água logo em seguida, com a mãe. "Não enxergava nada. Não tinha luz na rua, estava tudo escuro no bairro. Fui afundando e subindo, bebendo água, com muitos móveis e pedaços de pau batendo em mim. Fiquei todo machucada, toda ralada, mas conseguir sair", conta a menina. 


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