Jornal Estado de Minas

Com queda do prédio no Buritis, resta aguardar apuração de responsabilidades

Construtora culpa chuva e falta de drenagem, mas prefeitura e Copasa refutam acusação

Paola Carvalho, Guilherme Paranaiba e Carolina Lenoir
- Foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press

De quem é a culpa pela queda do Edifício Vale dos Buritis e um possível efeito dominó? A resposta oficial virá da JustiçaAté lá, os responsáveis fazem jogo de empurraNeste momento, contudo, uma resposta é ainda mais urgente, uma vez que se pode evitar o desabamento com uma demolição planejada e sem riscos de causar mais danos à vizinhança“Não sei como as autoridades deixaram chegar a esse pontoÉ uma sequência de erros: primeiro, a especulação imobiliária; segundo, a conivência da prefeitura em autorizar a construção em barrancos; terceiro, a irresponsabilidade da construtora em não oferecer um projeto seguro”, indigna-se o representante comercial Galileu Souza, de 60 anos, morador da região.

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A Estrutura Engenharia, construtora do Vale dos Buritis, reafirmou ontem, por meio de nota, “a sua convicção de que os problemas que se estendem por grande parte da rua e também afetam outras edificações, além da própria via pública, foram causados pela saturação do subsolo por excesso de água”Disse ainda que, apesar de entender que não é responsável pelo acidente no Vale dos Buritis, aguardará a perícia judicial em curso

A Construtora Podium, do condomínio vizinho Art de Vivre, diz que enquanto não for comunicada oficialmente pela Defesa Civil vai apenas continuar monitorando a movimentação do terreno e a situação dos dois prédiosA empresa tomará medidas cabíveis só quando for requisitada, porque considera que a responsabilidade é da prefeitura pela ausência de rede de drenagem de água pluvial na Rua Laura Soares Carneiro e da Copasa pelo rompimento da rede de abastecimento de água da companhia.

A Copasa reiterou, por meio de nota, a informação de que os estudos técnicos “isentam a empresa de qualquer responsabilidade sobre o ocorrido”A empresa explica que tão logo tomou conhecimento do problema providenciou o capeamento (tamponamento parcial) da rede, que não se rompeu em nenhum momento, e desativou o trechoCom o desabamento do primeiro prédio, as redes da empresa não foram atingidas e “continuam funcionando normalmente”.

Sobre a Rua Laura Soares Carneiro, a prefeitura, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), produziu laudo e concluiu que a “ausência da drenagem profunda na rua não contribuiu em nada para o surgimento do fatoNo local, foi possível verificar que as águas pluviais são conduzidas corretamente para o lado interno da curva da via, lado oposto ao passeio dos prédios”
A Sudecap diz ainda que o estudo não se sobrepõe às obrigações dos responsáveis técnicos pelos imóveis afetados.

A assessoria do Fórum Lafayette informou que o processo que definirá o responsável está na mesa do juiz titular da 16ª Vara Cível, Alexandre Quintino SantiagoA ação dos moradores, de junho de 2010, pedia indenização e que o responsável fosse apontadoO perito judicial fez um laudo, apresentado em audiência pública em 2 de janeiro, quando os moradores discordaram da demoliçãoNa segunda-feira, contudo, o juiz divulgou a sua decisão, que era o pedido de demolição imediata pela prefeitura, mas foi uma decisão tardiaHá outros dois processos na Justiça: um da Associação dos Moradores do Buritis, que pede demolição controlada dos prédios afetados, e outro da própria prefeitura, que solicita que as construtoras façam a demoliçãoNão há resposta para nenhum dos dois.

Veja a queda: