Jornal Estado de Minas

Reconstrução de Além Paraíba deve ficar mais cara que o previsto inicialmente

Anastasia visita Além Paraíba, revisa para pelo menos R$ 380 milhões o custo de obras de recuperação no estado e anuncia hospital para a cidade

Junia Oliveira

A tragédia das chuvas agora também tem uma cifra. Na ponta do lápis, a reconstrução do estado custará R$ 380 milhões, segundo o governador Antonio Anastasia - Foto: MARCELO RIBEIRO/TRIBUNA DE MINAS



A tragédia das chuvas agora também tem uma cifra Na ponta do lápis, a reconstrução do estado custará R$ 380 milhões, segundo o governador Antonio AnastasiaO valor é provisório e pode aumentar, caso as águas continuem a fazer estragosDesse total, R$ 300 milhões serão destinados à recuperação dos municípios e o restante à reparação das estradas estaduaisO montante foi atualizado nessa quarta-feira, depois da visita do governador a Além Paraíba, na Zona da Mata, considerada por ele como a cidade em pior situação

Na terça-feira, o governador havia anunciado que Minas precisaria de cerca de R$ 248 milhões para a reconstruçãoO dinheiro é parte de um pacote de R$ 1,5 bilhão, que inclui ainda ações de prevenção (saneamento, dragagem e drenagem)Depois de ver de perto os estragos, Anastasia disse que ligaria ainda nessa quarta-feira para o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, pedindo agilidade na liberação do cartão-assistência, uma espécie de cartão de crédito que os municípios podem usar em caso de emergência


O governador anunciou ainda a construção de um novo hospital em Além ParaíbaO CTI da unidade atual foi desativado e os pacientes transferidos para outras cidades – ela está situada num morro, uma área de alto riscoDe acordo com Anastasia, o novo hospital deverá custar entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou nessa quarta-feira a participação do governo federal na obra, que deve ficar pronta em até três anos.


Em Além Paraíba, o que se vê é desoladorNas ruas, móveis, colchões e carros se misturam à lama e ao concreto, prova de que a força das águas venceu as estruturasMontes de terra nas portas das casas dão a dimensão do trabalho de limpeza e do que já foi retirado dos imóveisO que não foi levado estava sendo posto para fora, como sofás encharcados e restos de madeira que um dia foram cama, estantes e guarda-roupas“É um cenário de guerraO rio extravasou demaisAs casas e o comércio estão destruídosÉ preciso um trabalho imediato de reconstrução e volta à normalidade de abastecimento médico, de gêneros alimentícios e limpeza da cidade”, avaliou o governador


Sobrou a vida

A ordem para hoje é que as máquinas comecem a trabalhar, a desimpedir a ruas e a tirar do leito do ribeirão a casa que foi arrastada, inteira, por 40 metrosPara andar no Bairro Vila Caxias, é preciso cuidado

Pedras reviradas são os únicos vestígios do calçamento, que deu lugar a buracos enlameadosBlocos de concreto espalhados pelo caminho dão ideia de como eram as calçadasA população estava nervosa, querendo solução urgente para uma vida que não estava nos planosEm cada rosto, dor e revoltaGente que perdeu tudo e ainda está sem rumo para recomeçar, como o vigia José Hilton da Silva, de 61 anos, que passou o dia dessa quarta-feira recolhendo o que sobrou de móveis para jogar no lixo 


Na porta da casa da doméstica Elizany de Souza, de 37, a altura do monte de terra retirado para abrir passagem impressionou“Perdemos tudo, mas restou a vidaO Ribeirão Limoeiro com ruas e casas eram uma coisa sóHavia ondas que pareciam um tsunami”, relembrouA professora Luciana Ferreira, de 36, também relatou os momentos de horror: “Fiquei agarrada ao terraço, rezando para a água não levar minha casa.”


O coordenador Estadual de Defesa Civil, coronel Luís Carlos Martins, informou que a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) acompanha o açude e que a tromba d’água não foi causada pelo volume de água no diquePara ele, a situação de Além Paraíba é mais grave que de Guidoval“A reconstrução será mais cara, pois a destruição aqui foi maior”, afirmouA Copasa prometeu para hoje o restabelecimento da água Até essa quarta-feira, foram contabilizados 36 desabrigados, 2 mil desalojados e 10 mil pessoas afetadasQuinze bairros foram atingidos, em toda a região do Ribeirão Limoeiro, numa extensão de aproximadamente três quilômetros Foi montado na cidade um ponto de apoio aos atingidos pela chuva, para cadastro e recebimento de donativosA fila para o recebimento de cesta básica é grande


Estradas

Também será pedido à União ajuda para reerguer pontes e consertar estradas vicinaisO secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, informou que já pediu o início do processo licitatório relativo a cerca de 500 pontes, ao custo de R$ 20 milhõesPara as estradas, estão sendo avaliadas os pontos críticos em mais de 120 municípiosO custo está orçado em R$ 300 milhões

* A repórter viajou a convite do governo do estado