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Estado de Minas

Reconstrução de Além Paraíba deve ficar mais cara que o previsto inicialmente

Anastasia visita Além Paraíba, revisa para pelo menos R$ 380 milhões o custo de obras de recuperação no estado e anuncia hospital para a cidade


postado em 12/01/2012 06:00 / atualizado em 12/01/2012 06:37

A tragédia das chuvas agora também tem uma cifra. Na ponta do lápis, a reconstrução do estado custará R$ 380 milhões, segundo o governador Antonio Anastasia(foto: MARCELO RIBEIRO/TRIBUNA DE MINAS)
A tragédia das chuvas agora também tem uma cifra. Na ponta do lápis, a reconstrução do estado custará R$ 380 milhões, segundo o governador Antonio Anastasia (foto: MARCELO RIBEIRO/TRIBUNA DE MINAS)


A tragédia das chuvas agora também tem uma cifra. Na ponta do lápis, a reconstrução do estado custará R$ 380 milhões, segundo o governador Antonio Anastasia. O valor é provisório e pode aumentar, caso as águas continuem a fazer estragos. Desse total, R$ 300 milhões serão destinados à recuperação dos municípios e o restante à reparação das estradas estaduais. O montante foi atualizado nessa quarta-feira, depois da visita do governador a Além Paraíba, na Zona da Mata, considerada por ele como a cidade em pior situação.

Na terça-feira, o governador havia anunciado que Minas precisaria de cerca de R$ 248 milhões para a reconstrução. O dinheiro é parte de um pacote de R$ 1,5 bilhão, que inclui ainda ações de prevenção (saneamento, dragagem e drenagem). Depois de ver de perto os estragos, Anastasia disse que ligaria ainda nessa quarta-feira para o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, pedindo agilidade na liberação do cartão-assistência, uma espécie de cartão de crédito que os municípios podem usar em caso de emergência.


O governador anunciou ainda a construção de um novo hospital em Além Paraíba. O CTI da unidade atual foi desativado e os pacientes transferidos para outras cidades – ela está situada num morro, uma área de alto risco. De acordo com Anastasia, o novo hospital deverá custar entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou nessa quarta-feira a participação do governo federal na obra, que deve ficar pronta em até três anos.


Em Além Paraíba, o que se vê é desolador. Nas ruas, móveis, colchões e carros se misturam à lama e ao concreto, prova de que a força das águas venceu as estruturas. Montes de terra nas portas das casas dão a dimensão do trabalho de limpeza e do que já foi retirado dos imóveis. O que não foi levado estava sendo posto para fora, como sofás encharcados e restos de madeira que um dia foram cama, estantes e guarda-roupas. “É um cenário de guerra. O rio extravasou demais. As casas e o comércio estão destruídos. É preciso um trabalho imediato de reconstrução e volta à normalidade de abastecimento médico, de gêneros alimentícios e limpeza da cidade”, avaliou o governador.


Sobrou a vida

A ordem para hoje é que as máquinas comecem a trabalhar, a desimpedir a ruas e a tirar do leito do ribeirão a casa que foi arrastada, inteira, por 40 metros. Para andar no Bairro Vila Caxias, é preciso cuidado. Pedras reviradas são os únicos vestígios do calçamento, que deu lugar a buracos enlameados. Blocos de concreto espalhados pelo caminho dão ideia de como eram as calçadas. A população estava nervosa, querendo solução urgente para uma vida que não estava nos planos. Em cada rosto, dor e revolta. Gente que perdeu tudo e ainda está sem rumo para recomeçar, como o vigia José Hilton da Silva, de 61 anos, que passou o dia dessa quarta-feira recolhendo o que sobrou de móveis para jogar no lixo.  


Na porta da casa da doméstica Elizany de Souza, de 37, a altura do monte de terra retirado para abrir passagem impressionou. “Perdemos tudo, mas restou a vida. O Ribeirão Limoeiro com ruas e casas eram uma coisa só. Havia ondas que pareciam um tsunami”, relembrou. A professora Luciana Ferreira, de 36, também relatou os momentos de horror: “Fiquei agarrada ao terraço, rezando para a água não levar minha casa.”


O coordenador Estadual de Defesa Civil, coronel Luís Carlos Martins, informou que a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) acompanha o açude e que a tromba d’água não foi causada pelo volume de água no dique. Para ele, a situação de Além Paraíba é mais grave que de Guidoval. “A reconstrução será mais cara, pois a destruição aqui foi maior”, afirmou. A Copasa prometeu para hoje o restabelecimento da água. Até essa quarta-feira, foram contabilizados 36 desabrigados, 2 mil desalojados e 10 mil pessoas afetadas. Quinze bairros foram atingidos, em toda a região do Ribeirão Limoeiro, numa extensão de aproximadamente três quilômetros. Foi montado na cidade um ponto de apoio aos atingidos pela chuva, para cadastro e recebimento de donativos. A fila para o recebimento de cesta básica é grande.


Estradas

Também será pedido à União ajuda para reerguer pontes e consertar estradas vicinais. O secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, informou que já pediu o início do processo licitatório relativo a cerca de 500 pontes, ao custo de R$ 20 milhões. Para as estradas, estão sendo avaliadas os pontos críticos em mais de 120 municípios. O custo está orçado em R$ 300 milhões.

* A repórter viajou a convite do governo do estado


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