Enquanto a Prefeitura de Belo Horizonte corre para agilizar a demolição de um dos blocos do Art de Vivre, moradores dos imóveis interditados por conta do risco na região estão apreensivos. A certeza de que a demolição vai ocorrer deixa várias pessoas aflitas, já que não se sabe por quanto tempo terão de ficar longe de casa. Nessa quinta-feira, a Justiça expediu os mandados para informá-los que devem deixar as casas, mas até o início da noite ninguém havia recebido o comunicado.
“Temos que sair mesmo porque há o risco em decorrência da demolição. O problema é que amanhã (hoje) provavelmente já teremos de deixar nosso apartamento e é pouco tempo para achar outro lugar. Além disso, minha casa é grande e será difícil levar as coisas para uma menor. O jeito é dividir com meu marido e cada um procura para achar mais rápido”, disse a moradora do 501. O vizinho do 301, Hebert Sandinha, de 25 anos, vai sair depois que receber a intimação da Justiça. “O meu maior receio é a falta de segurança, já que o policiamento na rua não é constante”, afirmou o analista de sistemas.
A vendedora Valéria Araújo, 48 anos, que mora na casa na esquina da Avenida Protásio de Oliveira Penna com a Rua Marco Aurélio de Miranda, garantiu que a decisão da Justiça não muda em nada sua situação. “Já estou ficando na casa da minha irmã e meu marido está na casa de um amigo, aqui perto mesmo. A gente sempre vem fazer alguma coisa, até porque já tentaram invadir a casa pelos fundos”, conta. O prédio que fica na outra esquina entre as duas vias parece já estar desocupado. A reportagem do Estado de Minas chamou nos oito apartamentos do Recanto dos Buritis, mas ninguém atendeu. Na garagem não foi encontrado nenhum carro.
O dono do apartamento 301 ainda não mora no local, mas esteve no edifício e lamentou a situação. “É uma indignação ver a falta de prevenção e a demora para resolver o problema. Minha perspectiva agora é vender assim que houver recuperação do local. Mas creio que isso deve demorar de seis meses a um ano, tempo que acho necessário para a retomada dos preços”, afirma.
A Defesa Civil informou que todos os moradores dos quatro imóveis interditados já foram notificados pelo órgão municipal sobre a necessidade de deixar as casas. O órgão diz ter conhecimento de todos os moradores que resistem em sair dos apartamentos e por isso ainda vem tentando convencê-los na base do diálogo. Se houver necessidade, a Polícia Militar será requisitada.