Lado a lado, aos pés do barranco de 50 metros por onde desabou na segunda-feira o Edifício Vale dos Buritis, oito engenheiros voluntários da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) se reuniram nessa quinta-feira para avaliar as condições de outros três prédios ameaçados
O grupo chegou cedo ao Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, numa van amarela da Coordenadoria de Defesa Civil (Comdec)A missão dos técnicos experientes e outros mais novos cedidos por empreiteiras é auxiliar o órgão nas decisões sobre o futuro dos prédiosDa área interditada da Avenida Protásio de Oliveira Penna, eles observaram os fundos das estruturas que ainda resistem no alto do morroEm conjunto, projetaram possíveis opções para demolir o prédio do conjunto Art de Vivre, já condenado pela Comdec“Um dos pilares foi danificadoSe ele tombar para a esquerda (lado do edifício que desmoronou), os destroços ficarão contidos no barranco”, disse um dos técnicos, medindo no olho a inclinação da encosta e da estrutura que vem afundando com a rua de cima, a Laura Soares Carneiro.
Outro especialista, que estava mais distante, observando de um ângulo diferente as lajes sustentadas por alicerces rachados e vigas de madeira improvisadas pela Comdec, supôs outra situação
Olhando ao redor da rua de baixo, que já tem as margens protegidas por placas de concreto e trincheiras de sacos de areia, o grupo procurou soluções para impedir que escombros atinjam outras moradias caso rolem da edificação quando ela for demolida ou desabarUma das soluções apontadas foi o deslocamento da caixa-d’água que resistiu ao desmoronamento do Vale dos Buritis“A estrutura é forte e pode ajudar a amortecer os destroços”, disse um dos engenheiros.
Para vistoriar a parte interna do Art de Vivre foi preciso serrar as correntes do portão de entrada com uma seguetaNenhum dos trabalhadores que construíam o edifício interditado tinha a chaveO grupo de engenheiros e os agentes de Defesa Civil entraram pela rampa da garagem“O terceiro prédio também teve comprometimento da estrutura, mas é uma condição recuperável”, disse o engenheiro da Comdec Eduardo Pedersoli RochaDe acordo com ele, o asfalto da Rua Laura Soares Carneiro afundou visivelmente nos últimos dias
Passo a passo para demolir
Projeto conforme condições observadas até a tarde dessa quinta-feira
1 É preciso fazer a terraplenagem da rua, retirar material até que o solo tenha firmeza suficiente para sustentar duas máquinas de cerca de 25 toneladas cada umaIsso porque valas e fendas impedem movimentação sobre o asfalto.
2 Duas máquinas de longo alcance são posicionadas ao mesmo tempo: o rompedor hidráulico, capaz de quebrar a alvenaria e cortar o aço, e a pinça, para retirada do material.
3 A demolição começa de cima para baixo, rompendo e retirando do último nível estruturas frágeis, como caixa-d’água.
4 Como se estivesse no processo inverso de construção, o rompedor quebra e retira as paredes externasEm seguida, é a vez da estrutura de concreto (lages, vigas e pilares).