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Estado de Minas

Engenheiros avaliam risco de novos desabamentos no Buritis

Equipe voluntária avaliou edifícios vizinhos ao que foi ao chão


postado em 13/01/2012 06:00 / atualizado em 13/01/2012 06:35



Lado a lado, aos pés do barranco de 50 metros por onde desabou na segunda-feira o Edifício Vale dos Buritis, oito engenheiros voluntários da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) se reuniram nessa quinta-feira para avaliar as condições de outros três prédios ameaçados. De pé sobre a camada grossa de barro vermelho de onde despontam tubulações, pedaços retorcidos de laje, lascas de pisos de madeira e escombros da construção que ruiu, eles tiveram reações desanimadoras. “A situação aqui é crítica. O desmoronamento desses edifícios é iminente. Pode ser a qualquer momento. Temos todos os sinais de que a encosta continua se movimentando e isso abala as estruturas”, avaliou o presidente do núcleo mineiro da ABMS, Ivan Libânio Vianna.

O grupo chegou cedo ao Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte, numa van amarela da Coordenadoria de Defesa Civil (Comdec). A missão dos técnicos experientes e outros mais novos cedidos por empreiteiras é auxiliar o órgão nas decisões sobre o futuro dos prédios. Da área interditada da Avenida Protásio de Oliveira Penna, eles observaram os fundos das estruturas que ainda resistem no alto do morro. Em conjunto, projetaram possíveis opções para demolir o prédio do conjunto Art de Vivre, já condenado pela Comdec. “Um dos pilares foi danificado. Se ele tombar para a esquerda (lado do edifício que desmoronou), os destroços ficarão contidos no barranco”, disse um dos técnicos, medindo no olho a inclinação da encosta e da estrutura que vem afundando com a rua de cima, a Laura Soares Carneiro.

Outro especialista, que estava mais distante, observando de um ângulo diferente as lajes sustentadas por alicerces rachados e vigas de madeira improvisadas pela Comdec, supôs outra situação. “A distância para os prédios do outro lado da rua é maior. Se os escombros caírem naquela direção, perderão energia destrutiva ao rolar. Não acredito que haja estrago significativo para essas casas, mas elas têm de ser esvaziadas”, disse. “O problema´é que nessa queda podem ser projetados pedaços de vidros, rolar outros pedaços do edifício e acertar as casas”, completou um colega.

Olhando ao redor da rua de baixo, que já tem as margens protegidas por placas de concreto e trincheiras de sacos de areia, o grupo procurou soluções para impedir que escombros atinjam outras moradias caso rolem da edificação quando ela for demolida ou desabar. Uma das soluções apontadas foi o deslocamento da caixa-d’água que resistiu ao desmoronamento do Vale dos Buritis. “A estrutura é forte e pode ajudar a amortecer os destroços”, disse um dos engenheiros.

Para vistoriar a parte interna do Art de Vivre foi preciso serrar as correntes do portão de entrada com uma segueta. Nenhum dos trabalhadores que construíam o edifício interditado tinha a chave. O grupo de engenheiros e os agentes de Defesa Civil entraram pela rampa da garagem. “O terceiro prédio também teve comprometimento da estrutura, mas é uma condição recuperável”, disse o engenheiro da Comdec Eduardo Pedersoli Rocha. De acordo com ele, o asfalto da Rua Laura Soares Carneiro afundou visivelmente nos últimos dias. “A encosta está descrevendo um movimento de cunha. É um escorregamento em que primeiro a sustentação afunda no solo e depois desliza como se formasse uma barriga”, disse.

Passo a passo para demolir

Projeto conforme condições observadas até a tarde dessa quinta-feira

  É preciso fazer a terraplenagem da rua, retirar material até que o solo tenha firmeza suficiente para sustentar duas máquinas de cerca de 25 toneladas cada uma. Isso porque valas e fendas impedem movimentação sobre o asfalto.

Duas máquinas de longo alcance são posicionadas ao mesmo tempo: o rompedor hidráulico, capaz de quebrar a alvenaria e cortar o aço, e a pinça, para retirada do material.

A demolição começa de cima para baixo, rompendo e retirando do último nível estruturas frágeis, como caixa-d’água.

4   Como se estivesse no processo inverso de construção, o rompedor quebra e retira as paredes externas. Em seguida, é a vez da estrutura de concreto (lages, vigas e pilares).


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