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Estado de Minas

Ameaça das doenças trazidas por enchentes gera alerta em Minas

Depois do transtorno das inundações causadas por rios e córregos, moradores de várias cidades enfrentam a grave ameaça de doenças causadas por coliformes fecais, que podem levar à morte


postado em 14/01/2012 06:00 / atualizado em 14/01/2012 06:58

 

Avenida Cristiano Machado inundada pelo Córrego do Onça: pessoas podem ser contaminadas ingerindo água suja ou pelo contato, por meio de fissuras na pele ou por apenas levar a mão à boca(foto: EULER JUNIOR/EM/D.A PRESS - 15/12/11)
Avenida Cristiano Machado inundada pelo Córrego do Onça: pessoas podem ser contaminadas ingerindo água suja ou pelo contato, por meio de fissuras na pele ou por apenas levar a mão à boca (foto: EULER JUNIOR/EM/D.A PRESS - 15/12/11)

 

As enchentes causadas pelas chuvas atingiram os municípios da região metropolitana e deixaram rastros de destruição. Mas, em vez de alívio, o fim dos temporais abriu caminho para uma ameaça que pode ser fatal para moradores afetados pelos temporais: muitas doenças. A chuva que fez rios e córregos transbordarem em meio a muito esgoto trouxe o risco de contaminação por graves enfermidades, que, se não tratadas, podem levar à morte. Resultado de análise de água coletada em quatro pontos feita em laboratório a pedido do Estado de Minas revela o perigo. As amostras são do Córrego do Onça, em BH; do Rio Paraopeba, em Betim e Brumadinho; e do Córrego Serra Azul, em Juatuba. As três primeiras foram reprovadas segundo padrões sanitários e apresentam índices que põem em risco a saúde da população. Apenas em Juatuba o curso d’água tem limites toleráveis de coliformes fecais. A recomendação agora é para que os cuidados de higiene e desinfecção sejam redobrados na volta à vida normal.

Para efeito de comparação foram usados padrões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) segundo a classificação de cursos d’água. Conforme a resolução do órgão, são toleráveis até 2,5 mil coliformes fecais (E. coli) por 100ml, para nadar ou mergulhar, e até 1 mil E. coli por 100ml, para pesca, consumo humano após tratamento ou irrigação de plantas. Mas os números muito superiores foram encontrados

Entre as coletas analisadas, a pior situação foi encontrada no Córrego do Onça, no Bairro Aarão Reis, na Região Norte de BH, que registrou 240 mil E. coli em 100ml de água. Em seguida, está a porção coletada no Rio Paraopeba, em Brumadinho com 51 mil E. coli, seguida pela coleta no mesmo rio, em Betim, onde foi registrado o índice de 4,6 mil E. coli. O Córrego Serra Azul apresentou 860 E. coli  e foi o único que se enquadrou nos limites toleráveis.

“O ideal é que não haja concentração de coliformes, já que os valores da resolução são um parâmetro para manutenção da saúde humana. No entanto, os índices encontrados são muito superiores e expõem à população a um alto risco de contaminação por doenças (veja quadro)”, alerta a bióloga Sônia Dayrell, do Laboratório Biológica Biotecnologia, responsável pelos exames. Segundo ela, a presença da E. coli , por si só, não representa risco grave de contaminação, mas é um indicativo de que a água sofreu contaminação por fezes e que outras bactérias, vírus e parasitas podem estar presentes. “O maior problema são as outras que vêm juntas e provocam doenças perigosas, como hepatites, amebíase, giardíase, diarreias e febres.”

O infectologista e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, Carlos Starling, faz um alerta. “É engano acreditar que a contaminação se dá apenas ingerindo água contaminada. Ao transitar em locais alagados ou ao ter contato com objetos molhados por essas águas, a pessoa pode levar a mão à boca e se contaminar. Fissuras na pele podem agravar a chance de infecção. No caso da leptospirose, a situação é ainda pior. Apenas com o contato na pele, a doença pode ser contraída”, afirma o médico.

Cuidado

Diante de tamanho perigo, o infectologista faz recomendações importantes na volta para casa e o retorno à rotina anterior às chuvas. “É preciso limpar bem a casa e objetos pessoais com água e sabão e somente depois desinfetar com água sanitária diluída minutos antes do uso. Ferver roupas e a água de beber também são medidas fundamentais”, alerta. Os cuidados, conforme o especialista, são importantes para evitar epidemias comuns em épocas de enchentes. “O risco de contrair tais doenças já existe em cidades com saneamento básico tão frágil, como as nossas e se torna ainda maior nessa época do ano. O problema das enchentes ainda não terminou”, ressalta.


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