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Estado de Minas

Cidades históricas mineiras enfrentam o desafio de se reeguer e proteger o patrimônio

Encostas e monumentos foram castigados por temporais e deslizamentos. Equipe federal começa por Ouro Preto e Mariana levantamento de risco geológico


postado em 16/01/2012 06:26 / atualizado em 16/01/2012 12:34

SABARÁ - Proteção de lonas não foi suficiente para evitar desmoronamento de muro na Capela de Santo Antônio. Verba do PAC está atrasada(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
SABARÁ - Proteção de lonas não foi suficiente para evitar desmoronamento de muro na Capela de Santo Antônio. Verba do PAC está atrasada (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)

Algumas das principais cidades históricas mineiras enfrentam com a temporada de chuvas um desafio ainda maior que os demais núcleos urbanos castigados por enchentes e deslizamentos. Com topografia acidentada, infraestrutura modesta, casario e monumentos frágeis, castigados pelos rigores do clima há séculos, cidades como Ouro Preto e Mariana, na Região Central, e Sabará, na Grande BH, tentam se reerguer com a missão de proteger o patrimônio e recuperar bens atingidos pelos temporais ou que já precisavam de reformas antes mesmo da estação das águas, além de resgatar uma de suas principais fontes de receita: o turismo. A extensão da tarefa em Ouro Preto e Mariana começou a ser medida no fim de semana, em um trabalho do CPRM – Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Ministério das Minas e Energia, que se estenderá por todas as regiões do estado afetadas.

As duas joias do barroco mineiro foram as primeiras cidades do estado, ao lado de Além Paraíba, na Zona da Mata, a receber uma força-tarefa formada por geógrafos, hidrólogos e geólogos que começaram o levantamento para que sejam conhecidos onde estão e qual é a extensão dos riscos geológicos nos municípios. As avaliações foram determinadas no início da semana passada pela presidente Dilma Rousseff, e vão contemplar também Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Mas cidades que ficaram fora da rota do grupo, como Sabará, também esperam socorro do governo federal. Nesse caso, socorro traduzido sob a forma dos R$ 30 milhões prometidos para o município pelo chamado PAC das Cidades Históricas, dinheiro que a prefeitura aguarda desde o ano passado. Uma verba indispensável para sanar problemas como goteiras e infiltrações em igrejas seculares, agravados durante as últimas chuvas. O programa tem promessa de investir R$ 254 milhões na recuperação e valorização do patrimônio de 20 municípios mineiros, mas, passado mais de um ano e meio do anúncio, quase ninguém viu a cor do dinheiro.

Recursos para recuperar o patrimônio são aguardados também em Mariana, onde parte do cemitério ao lado da Igreja do Rosário, de meados do século 18, desmoronou. Para evitar um dano ainda maior, foi preciso pôr uma lona para cobrir três túmulos e um parte da encosta. No Centro Histórico, tapumes são o paliativo para amenizar os problemas na Igreja de São Francisco de Assis, também do século 18, onde parte do muro de adobe caiu no mês passado.
Ouro Preto - Máquinas removem terra que desceu da encosta perto da rodoviária. Turismo foi o setor mais afetado na cidade(foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)
Ouro Preto - Máquinas removem terra que desceu da encosta perto da rodoviária. Turismo foi o setor mais afetado na cidade (foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press)

Sob risco
Em Ouro Preto, as chuvas não comprometeram diretamente o Centro Histórico, mas casarões estão ameaçados por encostas que podem ruir. A equipe do Serviço Geológico do Brasil já havia feito levantamentos na cidade em dezembro, quando identificou 28 setores de risco alto e muito alto, que ameaçam 2,5 mil pessoas. Depois da tragédia que matou dois taxistas, quando a rodoviária na entrada da cidade histórica foi soterrada, uma equipe retornou para analisar a situação e saber se houve mudança no grau de risco.
Alguns integrantes, como o presidente e o diretor da CPRM, que vieram de Brasília, puderam verificar apenas a situação do terminal, porque ninguém da prefeitura apareceu para acompanhá-los às áreas castigadas pelas chuvas no sábado pela manhã.

A encosta que desmoronou estava em uma das regiões consideradas mais perigosas. O diretor-presidente do CPRM, Manoel Barretto, afirma que, por enquanto, não é possível definir uma solução para o problema. “Desmoronamentos pequenos ao longo de todo o morro indicam desestabilização. Serão necessários estudos geotécnicos para se saber que tipo de obra deve ser feita”, disse.

O diretor de Hidrologia e Gestão Territorial, Thales de Queiroz Sampaio, ressaltou que uma área de alto risco pode ter a ameaça de dano reduzida se houver obras. “Fazemos um trabalho de análise e também a recomendação do que pode ser feito”, disse. Barretto chamou a atenção para a ocupação do local: “Foi determinada a retirada de todos que moram no entorno, mas parou de chover e várias pessoas voltaram para as casas condenadas, e isso é muito perigoso”.

 


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