Apesar de estar praticamente livre da montanha de terra que deslizou durante as tempestades – cerca de 70 mil toneladas –, a Rua Padre Rolim ainda não foi liberada para o trânsito de veículos e pedestresA normalização do tráfego deve ocorrer até o fim da semana, dependendo da avaliação de geólogos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) que prestam consultoria à prefeitura“Seguindo parecer geotécnico, fizemos terraços e patamares na encosta para conter novos deslizamentos, mas não conseguimos fixar essas estruturasTudo desceuPor isso, vamos observar o comportamento da encosta nas próximas horas para autorizar a liberação do trânsito”, disse o prefeito Ângelo Oswaldo.
Amanhã, técnicos das secretarias de Patrimônio, de Planejamento, de Obras e de Turismo da prefeitura devem se reunir com professores e geólogos da Ufop para elaborar o plano municipal de redução de riscosO documento é uma exigência do Ministério das Cidades para a liberação de recursos para obras de reconstrução e prevenção de novos prejuízosSegundo balanço da prefeitura, além das duas mortes na rodoviária as chuvas provocaram 181 deslizamentos de encostas, que deixaram um rastro de destruição e prejuízo para 85 famílias ainda desalojadas e 32 desabrigadasApesar dos grandes estragos, as chuvas não chegaram a comprometer diretamente o Centro Histórico do município.
“Pelo menos 60% da cidade de Ouro Preto tem risco alto ou muito alto”, alertou o geólogo e engenheiro civil da Ufop Romero César Gomes, que presta consultoria à prefeitura e afirma que os principais problemas estão relacionados ao relevo acidentado, à ocupação desordenada das encostas e ao tipo de solo predominante na cidade (filito e itabirito)Apesar do número alarmante, o especialista tenta acalmar moradores e visitantes, afirmando que a maior parte dos problemas se encontra longe das atrações turísticas e que as providências para evitar novas tragédias já estão sendo tomadas.
Solidariedade
As palavras de tranquilidade também marcaram discursos das autoridades que estiveram ontem em Ouro Preto
O senador Aécio Neves reforçou a mensagem de solidariedade e ainda declarou que sua visita teve o objetivo de agilizar a liberação de verbas da União para a recuperação“Há tantos trâmites burocráticos que os recursos acabam chegando alguns ou muitos meses depois do acontecidoPor isso, é preciso que haja parceria mais efetiva entre os governos federal e estadual e os municípios não apenas no período da calamidade, mas principalmente no restante do ano, para prevenção”, declarouOntem Minas recebeu R$ 300 mil para ações emergenciais de compra de colchões, lonas e água potável e o governo federal autorizou a liberação de R$ 10 milhões para ações de socorro no estado
Número de mortos chega a 16
Subiu para 16 o número de mortos pelas chuvas em Minas, com a localização ontem do corpo de Roseli do Nascimento, de 45 anos, às margens do Rio Paraíba do Sul, em Além Paraíba, na Zona da MataEla estava desaparecida desde o dia 9 e é a quarta pessoa morta na cidade pelo temporal, que arrasou o municípioDuas pessoas ainda estão desaparcidas no estado e 168 ficaram feridas durante a chuva.Segundo balanço da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 58.520 pessoas foram desabrigadas ou desalojadas em 247 cidades de Minas, dos quais 174 decretaram situação de emergência