Além Paraíba e Guidoval – Alguns se apegam à fé em DeusOutros esperam socorro de uma ação conjunta do poder públicoParte já recorreu ou pretende apelar a parentes e amigosPoucos têm alguma economia para rasparE restou uma multidão que simplesmente não sabe o que pensar, desejar ou fazerMais de 10 dias depois que a chuva deu trégua na maior parte do território mineiro, o Estado de Minas percorreu os dois municípios mais devastados pelos temporais na Zona da Mata, onde seis pessoas morreram e 32 mil foram afetadasCom poucas palavras, muitas lágrimas e olhares incrédulos, em meio a um cenário ainda tomado por barro e destroços, moradores não veem a retomada da vida normalMáquinas trabalham, um mutirão providencia documentos, cargas de solidariedade vão chegandoMas faltam casas, faltam roupas, falta água limpa..Para muitos, falta até esperança ou força para recomeçar.
Em Guidoval, o Rio Xopotó transbordou e arrasou a cidade no segundo dia do anoA destruição é vista logo na entrada do pequeno município, de 7 mil habitantes, passa pelo Centro e chega à zona rural
Já em Além Paraíba foi o Rio Limoeiro, afluente do Paraíba do Sul, que arrastou casas, carros, ruas inteirasNa madrugada do dia 9, quatro pessoas morreram carregadas pela enxurradaEquipes do Serviço Geológico do Brasil, do governo federal, avaliam riscos de novos deslizamentos, que na cidade vizinha, Sapucaia (RJ), com o mesmo relevo, mataram 22 pessoasComo em Guidoval, o sol apareceu três dias depois do desastre.
RECOMEÇO
”Fogo, fogo", gritava o louro, ao ver a água que invadia GuidovalA dona do papagaio que deu o alarme como pôde, Eliana Martins Nogueira, de 48 anos, já se mobilizava para salvar parte do que conseguiu na vidaPerdeu quase tudoGanhou mesa da vizinha, que se rendeu e decidiu recomeçar a vida em Ubá"Minha retomada será por aqui
Nas ruas dos dois municípios, alguns limpam casas ou tentam consertar espaços destruídosOutros nem alicerce têm para reconstruirResta esperar programas sociais de moradia, ainda incertosO comércio também foi devastadoO dono de uma fábrica de móveis em Guidoval calcula ter perdido R$ 500 mil em infraestrutura e R$ 120 mil mensais em vendasAs prefeituras terão de reconstruir prédios públicos, hospitais e postos de saúde“Estamos perdidosVai ser duro recomeçar”, prevê a pensionista Aurenice Nunes de Andrade, de 69, na fila por uma identidade