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Estado de Minas

Famílias terão que deixar abrigos para a volta às aulas

Em 10 dias os desabrigados perdem o teto mais uma vez. Eles terão de esperar a entrega de mais de 100 barracas por uma ONG


postado em 22/01/2012 07:46

A menos de 10 dias da volta às aulas, famílias abrigadas em escolas públicas de Além Paraíba e Guidoval vão ser transferidas para barracas na semana que vem. Doados por uma organização não governamental (ONG) inglesa, a ShelterBox, os abrigos chegam com a promessa de suportar frio, calor, tempestade e ventania. São feitos para receber 10 pessoas, com 25 metros quadrados, e podem durar até dois anos. Mas esse prazo se transformou em medo para os moradores. Eles temem ser esquecidos pelo poder público, depois de resolvido o “problema” das prefeituras, ao garantirem um “lar” para os desabrigados.


A previsão é de que 100 barracas cheguem às cidades mineiras e a Sapucaia, município fluminense vizinho a Além Paraíba, na quarta-feira. Ainda não se sabe como será feita a divisão. As barracas vêm em uma caixa, que contém também forro impermeável para o piso, cobertores térmicos, panelas, ferramentas, gorros e luvas. A contrapartida exigida pela ONG é que as prefeituras as instalem em área com banheiro e cozinha. Criada em 2000, a ShelterBox é “adotada” pela rede internacional Rotary Club, com unidade em Além Paraíba.

Segundo o representante da ONG, David Hatcher, que visitou o Brasil para conhecer os locais atingidos pelas chuvas, já foram distribuídas 110 mil barracas em 70 países assolados por 160 desastres em 11 anos. “Ao ver as tragédias, o criador das peças pensou em desenvolver algo resistente para abrigar pessoas em situações de emergência”, relata, citando o Haiti como um dos países atendidos. No Brasil, a ShelterBox já entregou suas doações no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco e Alagoas.

MEDO
As prefeituras já tratam a transferência das famílias como algo certo, mas elas não querem trocar os atuais abrigos de concreto por lonas. “Estou desesperada com essa possibilidade. Minha mãe sofreu derrame e não sai da cama. Como vou fazer com ela? Só quero ir para a minha casa”, diz Cássia Maria Oliveira, de 30 anos, que viu destruído o telhado do imóvel em que vivia em Guidoval com seis pessoas. É a segunda enchente que enfrenta com a família. O pequeno Carlos Vítor de Oliveira, de 4, não se lembra da primeira, mas já quer esquecer a atual.

Mas o maior medo de Cássia não é uma nova chuva capaz de levar a barraca ou as dificuldades com a mãe. É o esquecimento. As famílias levadas para as barracas da ONG no Rio, Espírito Santo e Pernambuco já foram retiradas, mas, em Alagoas, ainda há abrigados nas lonas. Desde junho de 2010, quando as chuvas mataram 29 pessoas no estado, as famílias passam seus dias em barracas, à espera de novo lar.

O diretor da filial brasileira da ShelterBox, José Luiz Machado, diz que as autoridades são sempre avisadas sobre a condição provisória das barracas. “Elas são feitas para abrigar pelo menor tempo possível. Prevemos um tempo máximo de dois anos para encontrarem um novo lar. Quando doamos o material, conversamos com as prefeituras sobre a condição de apenas emergência das barracas”, afirma.


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