O período garantido aos municípios mineiros castigados pelas chuvas para buscar socorro financeiro com o governo federal está se esgotando sem que prefeitos e União tenham conseguido falar a mesma língua para permitir que o dinheiro chegue aos 3,45 milhões de mineiros afetados. As dúvidas em relação ao acesso aos recursos emergenciais do Ministério da Integração continuam para a maioria das prefeituras. O desencontro entre as exigências e as promessas de novas opções para a liberação direta dos
R$ 30 milhões, anunciados para o estado há duas semanas, continua sendo um obstáculo.
Segundo a superintendência regional do Banco do Brasil, instituição responsável por intermediar a liberação de verbas, nessa quinta-feira várias prefeituras mineiras correram às agências locais na tentativa de fazer o cadastro para ter acesso às verbas reservadas pela pasta. Porém, os gerentes ainda não receberam instrução para o cadastramento no cartão de pagamento da Defesa Civil sem exigência de CNPJ exclusivo para esse fim. Segundo integrantes da bancada mineira na Câmara dos Deputados, a flexibilização da exigência foi anunciada pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, em reunião na quarta-feira, como forma de facilitar o acesso ao dinheiro. A opção para evitar mais demora na distribuição dos recursos emergenciais prevê a transferência dos recursos diretamente para a conta das prefeituras abertas no banco.
Em algumas cidades atingidas pela chuva ainda não existe Defesa Civil municipal ou outro órgão responsável para lidar com as situações de emergência. Para conseguir cadastrar o cartão de pagamento, conforme informou o Estado de Minas, seria preciso que os vereadores retornassem aos trabalhos e aprovassem a criação das coordenadorias de defesas civis, o que foi apontado como inviável por muitos prefeitos mineiros.
Para todos
Os parlamentares mineiros que estiveram em Brasília anunciaram também uma nova proposta para a universalização dos cartões de pagamentos da Defesa Civil. Segundo o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), nas próximas semanas será organizado um ato em conjunto com o Banco do Brasil, para que os cartões sejam entregues a todas as prefeituras e que se tornem uma opção mais difundida entre os gestores municipais nos próximos anos. “O ideal é que as cidades consigam meios mais simples para os repasses e nem sempre em situação de emergência é possível. Mas o recurso já está garantido sim. Vamos trabalhar agora para que ele chegue onde é preciso”, afirma. O EM tentou contato com as seis prefeituras cujo decreto de emergência está prestes a perder a validade (veja quadro acima), mas nenhum prefeito foi encontrado ou retornou as ligações.
Ordem para na burocracia
Para tentar apressar o processo de cadastramento nas agências locais, os parlamentares mineiros que se reuniram com o ministro Fernando Bezerra na tarde de quarta-feira pediram nessa quinta-feira ao ministério que divulgue ofício explicando aos gerentes do Banco do Brasil a determinação de que os recursos sejam enviados diretamente às contas abertas pelas prefeituras, sem a exigência de criação de CNPJ exclusivo para esse fim. A promessa feita ao grupo é de que a Secretaria Nacional de Defesa Civil vai trabalhar para auxiliar os pedidos enviados pelos gestores municipais, já que muitos continuam perdidos sobre como ter acesso aos recursos.
Municípios que decretaram emergência em outubro e devem sair nesta semana da condição especial
» Mathias Lobato (Rio Doce)
» Espera Feliz (Zona da Mata)
» Vieiras (Zona da Mata)
» Dom Joaquim (Central)
» Leopoldina (Zona da Mata)
» São Domingos do Prata (Zona da Mata)
Em sua edição de ontem o Estado de Minas mostrou que falta preparo entre os prefeitos e que somente seis municípios mineiros, do total de 207 que decretaram emergência desde outubro do ano passado, solicitaram o cartão de pagamento da Defesa Civil, recebendo somente R$ 1,95 milhões, dos R$ 20 milhões destinados às cidades afetadas. Ainda foi autorizada pelo governo federal a liberação de R$ 220 milhões para obras de reconstrução, por meio de medida provisória da presidente Dilma Rousseff (PT). Porém, somente Belo Horizonte apresentou projeto de resposta às chuvas e outras cinco cidades enviaram projetos para obras de prevenção.