Pioneiro no país e tratado como aliado fundamental no enfrentamento do período chuvoso, o radar meteorológico, equipamento especial de vigilância do tempo, entrou em operação no dia 15. Depois de 40 dias de testes, passou a operar 24 horas e emitir no mínimo dois alertas por dia. Em seu primeiro teste em Belo Horizonte, contudo, falhou. Com duas horas de antecedência, foi dado o alerta sobre a chuva de granizo em bairros da Região Oeste, como Buritis e Gutierrez, mas a informação não chegou à Defesa Civil.
Pode parecer bobagem, mas está longe disso. As informações do equipamento comprado pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) por R$ 10,5 milhões e instalado em uma unidade avançada em Mateus Leme, na Grande BH, somente farão diferença para a população se as informações geradas chegarem aos órgãos competentes. Mais do que isso: que os dados sejam traduzidos em ações que, de fato, protejam a população de possíveis desastres. “É preciso aprimorar a rotina para um entrosamento maior”, admite a gerente de Monitoramento Hidrometeorológico do Igam, Wanderlene Nacif.
Hochleitner explica que hoje os alertas são distribuídos para uma lista de e-mails, mas que novos formatos, como mensagens para telefones celulares, também poderão ser usados. “Os aprimoramentos servirão para alinhar e facilitar tanto o recebimento quanto o entendimento da mensagem”, disse. Nacif chama a atenção ainda para a necessidade de a outra ponta estar preparada. “Os municípios precisam ter um plano de contingência para saber com antecedência o que pode ser feito e como”, ponderou.
Desinteresse
O radar, destaca o Igam, melhora a segurança meteorológica em toda a Região Metalúrgica e Campo das Vertentes, boa parte da Bacia do Rio Doce, Zona da Mata e Alto São Francisco. Nestas regiões, que correspondem a um raio de 200 quilômetros, já é possível identificar, monitorar e estimar quantitativamente a ocorrência de precipitação, a possibilidade de granizo, ventos fortes e a velocidade de deslocamento das tempestades. Mas, dos 324 municípios dentro dessa área, somente 80 compareceram ao encontro do Igam para alinhamento do processo. “Estamos entrando em contato com os outros e fazendo os cadastros. A atualização é diária. A gente precisa ter toda uma rede articulada”, afirmou Nacif.
A Cemig usa as informações do radar para a manutenção e operação do sistema elétrico, o que não impediu que os bairros afetados pela chuva de quinta-feira ficassem sem energia. Os trabalhos, contudo, foram agilizados, destaca o superintendente de Planejamento e Operação de Geração e Transmissão, Nelson Benício. “É a melhor tecnologia do mundo. Vimos que seria chuva forte, com granizo, então direcionamos nossas equipes para a região. Houve interrupção de energia, mas rapidamente religamos tudo”, explicou.