Jornal Estado de Minas

Exames clínicos comprovaram que condutores têm saúde precária

Mateus Parreiras
- Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press
Os motoristas que transportam cargas pesadas também deixa a desejarDos oito que aceitaram ser submetidos a exames, cinco apresentavam grande tendência à sonolência“São homens que dormem pouco e apresentam gordura e medidas avantajadas de pescoço, com alto índice de massa corpóreaTudo isso contribui para que sejam mais suscetíveis aos efeitos do sono”, aponta o presidente da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Fábio NascimentoCinco dos profissionais de transporte usavam chinelos para dirigir, o que é uma transgressão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)“A rotina deles também não ajudaSão mais de 10 horas trafegando sem descansos regularesO ideal são, no máximo, oito horas de serviço, com paradas a cada duas horas em que podem descansar por 10 ou 15 minutos”, diz o médico.

As condições cardíacas dos motoristas também não estavam boasSegundo a avaliação do diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Eustáquio Guerino, A.V.R., que apresentou tonturas e sente mal ao dirigir, precisa ver um médico, pois pode desenvolver diabetes e problemas vasculares mais sériosUma dieta, recomendações de exercícios e de hábitos saudáveis foram passadas a eleOutros três caminhoneiros também apresentaram pressão alta
“São homens que mesmo com planos de saúde têm dificuldade de consultar médicosSão escravos de suas profissõesComo ficam pouco em seu município, não conseguem articular esses cuidados”, atesta.

O relato mais impressionante foi o de um jovem de 24 anos que transporta granito de Medina, no Vale do Jequitinhonha, para vários pontos do paísO homem não fez os exames, mas seus relatos foram chocantes“O caminhão dele suporta 14 toneladasEle traz blocos de 28 toneladasTem de rodar à noite e apaga o farol para os operadores das balanças não o veremCobre a carga com lona para disfarçá-laToma rebite para circular numa noite sóÉ uma rotina suicida”, atesta o consultor em manutenção, Alberto Guimarães.