Frei Inocêncio e Governador Valadares – A porta de metal da garagem se abre mansa e de dentro surge o rosto curioso de uma garota morena de apenas 14 anos. Apesar das feições de menina e do jeito infantil, ela veste roupas provocantes e sumárias. Essa é a recepção que os caminhoneiros em busca de sexo e álcool têm quando vão ao bordel de beira de estrada que chamam “Ponto de Apoio da Dona Cota”, em Frei Inocêncio, cidade de pouco mais de 9 mil habitantes que é cortada ao meio pela BR-116, no Vale do Rio Doce. A garota é sobrinha da cafetina, chamada dona Cota, e é uma das prostitutas mais procuradas pelos motoristas de carretas que pousam na cidade vindos do Nordeste ou que seguem naquela direção.
O prostíbulo funciona numa casa ampla e insuspeita numa via que segue paralela à BR-116. Da rua não se percebe o que ocorre no interior, mas qualquer frentista de posto de abastecimento indica o ponto de apoio para viajantes solitários. A adolescente é quem leva os visitantes até a casa. Do interior escuro da habitação surge dona Cota, uma mulher que aparenta ter 70 anos.
Ao receber o Estado de Minas, antes de saber que se tratava de uma reportagem, a mulher mandou a sobrinha limpar a mesa comprida da sala e se aprontar, acreditando se tratar de mais um programa sexual em que levaria R$ 50, além de vender bebidas. Sobre o móvel de madeira que a menina limpou ainda estavam os resquícios da longa noitada anterior, quando caminhoneiros e algumas pessoas da cidade encontraram as garotas de programa que moram ali e outras que vão ao local para se prostituir.
Copos que ainda exalavam cheiro forte de álcool e pilhas de CDs de músicas sertanejas, bandas pop e outros grupos de sucesso se apinhavam sobre o móvel. No canto da sala há um grande freezer horizontal onde ficam estocadas garrafas de cerveja e de catuaba que são vendidas aos clientes. Segundo dona Cota, há venda de pinga no local, mas ela afirma que não permite o comércio de entorpecentes. A cidade, no entanto, é conhecida pela venda ilegal de estimulantes à base de anfetaminas (rebites) em qualquer farmácia.
Chamego
São pelo menos quatro quartos usados exclusivamente pelas prostitutas e clientes para os encontros sexuais. “Os caminhoneiros são os principais clientes. Sabe como é, chegam cansados demais e sozinhos por causa da viagem. Aqui eu cuido deles. Providencio um chamego das minhas meninas. Eles relaxam. Bebem e se divertem a madrugada toda”, conta a dona do estabelecimento, admitindo que muitos condutores de carretas pesadas deixam de descansar para desfrutar das prostitutas, mesmo sendo menores de 18 anos.
Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, prostitutas rondam as margens da BR-381, antes do trevo de acesso à BR-116, no cruzamento com a Rua Palmeiras. A reportagem flagrou nesse local o momento em que um caminhoneiro parou próximo a um travesti e lhe entregou drogas. O motorista abriu a porta e entregou o produto. Aproveitando-se da escada do caminhão, que é mais alta, o travesti preparou algumas carreiras de cocaína e as inalou antes de voltar ao ponto. Parte do entorpecente ficou com a prostituta para oferecer aos clientes que passam por lá.
Mas nem tudo é diversão, sexo e drogas. Caminhoneiros em busca dos favores das garotas de programa já passaram maus momentos nas mãos de ladras que os dopam para levar dinheiro e objetos valiosos. “Um colega quase morreu. Pegou uma rapariga no meio da estrada e ela ofereceu um gole de refrigerante. Ele não quis, mas ela insistiu. Bastou esse gole para ele apagar”, lembra o motorista de carreta Simão (nome fictício), que foi acompanhado pela reportagem em seu trajeto de Goiás à Bahia.
“O cara nem teve tempo de desligar a carreta e já foi desmaiando. A rapariga colocou um boa noite Cinderela na bebida e levou tudo dele. O médico disse que estava tão concentrado que se bebesse mais poderia até morrer”. Outro golpe aplicado pelas garotas de programa e que já ficou famoso no meio dos caminhoneiros é o chamado “peitinho batizado”. “As raparigas passam o boa noite Cinderela nos seios e quando o motorista vai com a boca, tá lascado”, afirma Simão.
O prostíbulo funciona numa casa ampla e insuspeita numa via que segue paralela à BR-116. Da rua não se percebe o que ocorre no interior, mas qualquer frentista de posto de abastecimento indica o ponto de apoio para viajantes solitários. A adolescente é quem leva os visitantes até a casa. Do interior escuro da habitação surge dona Cota, uma mulher que aparenta ter 70 anos.
Ao receber o Estado de Minas, antes de saber que se tratava de uma reportagem, a mulher mandou a sobrinha limpar a mesa comprida da sala e se aprontar, acreditando se tratar de mais um programa sexual em que levaria R$ 50, além de vender bebidas. Sobre o móvel de madeira que a menina limpou ainda estavam os resquícios da longa noitada anterior, quando caminhoneiros e algumas pessoas da cidade encontraram as garotas de programa que moram ali e outras que vão ao local para se prostituir.
Copos que ainda exalavam cheiro forte de álcool e pilhas de CDs de músicas sertanejas, bandas pop e outros grupos de sucesso se apinhavam sobre o móvel. No canto da sala há um grande freezer horizontal onde ficam estocadas garrafas de cerveja e de catuaba que são vendidas aos clientes. Segundo dona Cota, há venda de pinga no local, mas ela afirma que não permite o comércio de entorpecentes. A cidade, no entanto, é conhecida pela venda ilegal de estimulantes à base de anfetaminas (rebites) em qualquer farmácia.
Chamego
São pelo menos quatro quartos usados exclusivamente pelas prostitutas e clientes para os encontros sexuais. “Os caminhoneiros são os principais clientes. Sabe como é, chegam cansados demais e sozinhos por causa da viagem. Aqui eu cuido deles. Providencio um chamego das minhas meninas. Eles relaxam. Bebem e se divertem a madrugada toda”, conta a dona do estabelecimento, admitindo que muitos condutores de carretas pesadas deixam de descansar para desfrutar das prostitutas, mesmo sendo menores de 18 anos.
Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, prostitutas rondam as margens da BR-381, antes do trevo de acesso à BR-116, no cruzamento com a Rua Palmeiras. A reportagem flagrou nesse local o momento em que um caminhoneiro parou próximo a um travesti e lhe entregou drogas. O motorista abriu a porta e entregou o produto. Aproveitando-se da escada do caminhão, que é mais alta, o travesti preparou algumas carreiras de cocaína e as inalou antes de voltar ao ponto. Parte do entorpecente ficou com a prostituta para oferecer aos clientes que passam por lá.
Mas nem tudo é diversão, sexo e drogas. Caminhoneiros em busca dos favores das garotas de programa já passaram maus momentos nas mãos de ladras que os dopam para levar dinheiro e objetos valiosos. “Um colega quase morreu. Pegou uma rapariga no meio da estrada e ela ofereceu um gole de refrigerante. Ele não quis, mas ela insistiu. Bastou esse gole para ele apagar”, lembra o motorista de carreta Simão (nome fictício), que foi acompanhado pela reportagem em seu trajeto de Goiás à Bahia.
“O cara nem teve tempo de desligar a carreta e já foi desmaiando. A rapariga colocou um boa noite Cinderela na bebida e levou tudo dele. O médico disse que estava tão concentrado que se bebesse mais poderia até morrer”. Outro golpe aplicado pelas garotas de programa e que já ficou famoso no meio dos caminhoneiros é o chamado “peitinho batizado”. “As raparigas passam o boa noite Cinderela nos seios e quando o motorista vai com a boca, tá lascado”, afirma Simão.
O QUE DIZ A LEI
Manter relações sexuais com menores é crime, assim como explorar a prostituição. Segundo a Lei 12.015/2009, simplesmente “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos” é passível de punição com pena de reclusão de oito a 15 anos. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem pode ser punido com reclusão de dois a cinco anos. Mesma pena para quem induz ou atrai alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual. A pessoa que se prostitui, no entanto, não comete crime.
Manter relações sexuais com menores é crime, assim como explorar a prostituição. Segundo a Lei 12.015/2009, simplesmente “ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos” é passível de punição com pena de reclusão de oito a 15 anos. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem pode ser punido com reclusão de dois a cinco anos. Mesma pena para quem induz ou atrai alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual. A pessoa que se prostitui, no entanto, não comete crime.