O corpo do empresário Djalma Brugnara Veloso, 49 anos, apontado como o principal suspeito de assassinar a mulher, a procuradora federal Ana Alice Moreira Melo, 35, foi enterrado às 17h desta sexta-feira no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Região Oeste de Belo HorizonteA imprensa foi proibida de acompanhar o funeral e no cemitério nenhum parente ou amigo da família quis conversar com os jornalistas sobre o casoA Policía Militar foi chamada para acompanhar o cortejo do corpo.
Djalma foi encontrado morto, no fim da noite dessa quinta-feira, numa suíte do Motel Capri, localizado às margens da BR-356, no Bairro Olhos D'água, Regiões Oeste da capitalEle estava desaparecido desde a madrugada anterior, após a mulher ser assassinada dentro da mansão onde o casal morava no condomínio Residencial Villa Alpina, em Nova Lima, Grande BH.
Veja fotos do motel onde o empresário morreu
De acordo com a polícia, foram constatadas 28 perfurações, feitas à faca, no corpo do empresário, sendo 22 superficiais e seis profundasA hipótese de que ele tenha sido assassinado foi, praticamente, descartada pelos investigadoresO empresário chegou sozinho ao motel, por volta das 4h50 de quinta-feira, e durante toda a sua estadia não realizou nenhum pedidoFuncionários estranharam a demora dele em se comunicar com a recepção e, após frustradas tentativas de contato com ele, batendo na porta e telefonando, entraram na suíte e o encontraram ensanguentado sobre a cama.
Ana Alice foi morta pouco antes de Djalma dar entrada no motelO empresário entrou na mansão de madrugada e discutiu com a mulherDiante da discussão, a babá levou os dois filhos do casal, de 3 e 7 anos, para o banheiroQuando saiu, encontrou a mulher ensanguentadaA procuradora foi esfaqueada diversas vezes
Na tarde de quinta-feira, poucas horas depois do crime, a Justiça decretou a prisão preventiva de Djalma, que já havia sido denunciado pela mulher por ameças de morte e foi alvo de uma medida protetiva judicial expedida horas antes do crime.
O corpo de Ana Alice também foi enterrado nesta quinta-feiraNo começo da tarde, amigos e familiares se despediram da procuradora no Cemitério Bosque da EsperançaA família também evitou a presença da imprensa, mas expediu uma nota declarando que a tragédia servirá para a sociedade refletir sobre a violência contra a mulher.
Veja na íntegra a nota da família:
Nota de esclarecimento à imprensa e sociedade
No sentido de preservar a integridade psicológica dos filhos a família de Ana Alice Moreira Melo conta com a compreensão de toda opinião pública em relação à decisão de não se manifestar a cerca dos fatos que culminaram em tragédia tão dolorosaEntendemos que essa postura contribui para reflexão da sociedade sobre a violência contra mulher, bem como sobre a violência como um todoAna Alice foi mãe, filha, irmã, amiga e profissional exemplarAcreditamos que essas conduta é a melhor forma de homenagear sua memória e retribuir o seu amorContamos com a compreensão de todos
A crise entre o casal
» O casal se conheceu há 19 anos, quando ela tinha 16, e estava casado havia 13.
» Ana Alice relatou ter descoberto, há três anos, que Djalma a traía
» Há um ano, segundo a mulher, o empresário saiu de casa dizendo que ia viajarPassou um mês fora, sem informar o paradeiro
» Em 22 de janeiro, Djalma teve uma crise de ciúmes e agrediu a mulher verbalmente, quebrando objetos pessoais delaEle também teria esquentado água no micro-ondas e atirado contra Ana Alice, segundo relatou a vítima
» Em 24 de janeiro, acreditando que a situação atingira um limite insuportável, Ana Alice prestou queixa contra o marido na Delegacia de Nova Lima
» No dia seguinte, o juiz Juarez Morais de Azevedo decretou medidas protetivas em favor da advogada
» Na quarta-feira, Djalma recebeu de um oficial de Justiça as determinações do juiz
» No mesmo dia, o juiz ampliava as medidas protetivas, a pedido do advogado da vítima, que as considerou insuficientes
Com informações de Júnia Oliveira