Um duro legado deixado para duas crianças de 7 e 3 anosFilhos de um casamento que transparecia ser uma “relação perfeita”, como era vista de fora a união entre a procuradora Ana Alice Moreira de Melo, de 35 anos, e o empresário Djalma Brugnara Veloso, de 49, as crianças até agora nem sequer desconfiam da difícil realidade que têm pela frentePoupados da trágica história do assassinato da mãe pelo pai, que horas depois teria se suicidado, os meninos estão tendo assistência psicológica para receber a notícia da tragédia, ocorrida na quinta-feiraAté ontem, segundo pessoas próximas à família de Ana Alice, os meninos viviam a versão fictícia de que a mãe estava internada depois de ter sido agredida por um ladrão que entrou na mansão onde moram, no Condomínio Vila Alpina, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo HorizonteA intenção é que, ainda hoje, segundo conhecidos dos familiares, a verdade venha à tona.
Quando tomarem ciência do que ocorreu, as crianças, que se tornaram as maiores vítimas da tragédia, se verão obrigadas a trocar uma vida confortável na mansão com ampla área de lazer em um residencial de alto padrão pela incerteza do futuro, traduzida até mesmo na dúvida sobre onde vão morar daqui para a frenteDesde o dia em que a mãe foi morta a golpes de faca, os meninos estão na companhia dos familiares de Ana Alice e da babá Girlene Fastor, que no dia do crime se trancou com eles no banheiro de um dos quartos da casa, na intenção de protegê-los.
A guarda das crianças ainda não está sendo discutida, já que o assunto mais imediato é a conclusão do inquérito policialAinda assim, o cenário que se desenha, conforme amigos da procuradora, é de que os meninos permaneçam com a família delaOs próximos passos da história trágica em que se transformou o casamento de Ana Alice e Djalma devem ser no sentido de juntar os cacos de uma família despedaçadaHoje, parentes de ambos devem se encontrar com esse objetivo“Ainda não há um consenso sobre o futuro dos meninosHá a possibilidade de que eles fiquem com os familiares dela (Ana Alice)
A iniciativa de tentar a aproximação partiu da família deleNo entanto, não se sabe como será recebida pelos parentes de Ana Alice, que mantêm reserva e evitam falar sobre o caso“Queremos participar da criação e do crescimento das criançasQueremos estar perto deles e unir nossas famílias”, disse FlávioTambém para hoje, está marcada uma reunião da família de Djalma com o advogado que os representa.
No sábado, o cardiologista voltou a falar das qualidades do irmão e comentou o comportamento classificado por ele como atitude impensada“Ele sempre foi uma pessoa boa, de bom coraçãoSe fosse uma pessoa sem princípios, teria fugido ou se entregado
O comportamento cordial de Djalma também é reforçado por pessoas que conviveram com ele anos antes do casamento com Ana Alice“Quando soube da notícia, não acreditei que pudesse ser o DjalminhaPara quem o conheceu não dá para imaginar issoEle era uma pessoa super do bem, da pazEssa foi uma transformação impressionante”, garante uma amiga da década de 1990, afirmando ainda que Ana Alice e o marido formavam um casal lindo“Tudo parecia ser perfeito”, acrescentou a mulher que não quis ser identificada.
A aparente tranquilidade, no entanto, é contestada por uma amiga íntima de Ana Alice“De fora, era uma união perfeita, mas nos bastidores a realidade era outraO casamento chegou a ser bom por um tempo, mas se transformou nos últimos anos em uma rotina de ciúmes, brigas e agressividadeAs brigas eram discussões horríveis e ele não poupava os filhos”, afirmouA amiga garantiu ainda que a procuradora tinha medo das reações do marido“Ela era ameaçada por ele e temia porque sabia o marido que tinha”, disse.