Jornal Estado de Minas

Justiça autoriza perícia imediata em prédio que desabou no Caiçara

Moradores temem que retirada de escombros atrapalhe trabalho da perícia e produção de provas

João Henrique do Vale

Um homem morreu e a mulher dele ficou ferida no desabamento do prédio - Foto: Túlio Santos/EM/D.A.Press

 

Os moradores de um prédio que desabou no início deste ano no Bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte, que matou uma pessoa e deixou outra ferida, ganharam uma liminar na Justiça para que seja feita uma perícia imediata no local do desmoronamentoA decisão é do juiz Carlos Donizetti Ferreira da Silva, da 4ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Belo HorizonteComo é de primeira instância, ainda cabe recurso

Os proprietários dos apartamentos propuseram uma ação cautelar de produção antecipada de provas contra o município de Belo Horizonte, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e contra duas pessoasEles querem que o estudo seja feito no local para produzir provas que podem apontar a possível causa do acidente Os moradores estão receosos com a retirada dos entulhos pelo Município de Belo Horizonte, pois pode ocorrer a perda do objeto a ser periciado

Ao analisar o pedido, o juiz considerou o argumento dos proprietários de que as provas pretendidas são de cunho pericial, a serem realizadas através de um perito nomeado judicialmente O magistrado reconheceu que “uma demora na realização da perícia poderá acarretar, com efeito, prejuízo na instrução efetiva da ação principal a ser proposta”Ele nomeou o perito Eduardo Tadeu Pôssas Vaz de Mello para realizar os trabalhos

Os moradores também terão o prazo de cinco dias para indicar um assistente técnico e apresentar seus quesitos

O caso

O prédio de dois andares e dois blocos desabou em 2 de janeiro deste ano, na Rua Passa Quatro

O imóvel tinha oito apartamentos em cada blocoUm casal foi soterradoA mulher, Marisa Cunha de Moraes, de 46 anos, foi resgatada com diversos ferimentos e levada para o Hospital João XXIIIJá o homem, ainda não identificado, chegou a ser retirado com vida, mas teve uma parada cardiorespiratória e morreu a caminho do hospital.

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) informou que o prédio tinha histórico de problemas em sua estruturaSó em 2011, os proprietários do imóvel foram notificados três vezes por problemas com ferragens expostas, ausência de rede de drenagem interna e infiltrações no esgoto

Caso semelhante

Um caso parecido aconteceu em outra parte de Belo HorizonteA Justiça também determinou que os escombros no edifício Vale dos Buritis, que desabou em 10 de janeiro deste ano, também seja deixado intactoO amontoado de concreto armado, pedras e cabeamento, hoje faz parte da paisagem da Rua Laura Soares Carneiro, no Bairro Buritis, na Região Oeste da capital