Jornal Estado de Minas

Festa de pré-carnaval em frente à Fumec pode ser frustrada

Ministério Público quer impedir a realização do Cobre Folia, evento organizado em redes sociais marcado para o Bairro Cruzeiro, onde já foram impostas restrições a eventos

Valquiria Lopes

Perpétua Rocha diz que os moradores da Rua Cobre estão traumatizados - Foto: Alexandre Guszanshe/Em/D.A Press


Uma festa de pré-carnaval organizada nas redes sociais está na mira do Ministério Público de Minas GeraisA Cobre Folia 2012, como foi batizada na internet, está marcada para começar às 17h30 amanhã e se estender noite afora, em uma das vias mais movimentadas do Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a Rua CobreNa página do site de relacionamento, a lista de convidados é extensaSão mais de 4 mil pessoas, dentre as quais mais de 1,5 mil  já haviam confirmado presença até a tarde dessa quarta-feira

Apesar da promessa de animação típica da época de pré-carnaval, o evento pode não ser realizadoIsso porque, além de não ter autorização da prefeitura e de órgãos de segurança pública, a festa foi marcada na Rua Cobre, em frente à Universidade Fumec, onde o Ministério Público já impôs proibição de funcionamento aos bares após às 22h das sextas-feiras e realização de eventos clandestinos desde o fim do ano passado

A decisão de 2011 levou em conta abusos cometidos contra a ordem pública e a Lei do Silêncio, como som ligado em alto volume a qualquer hora, pessoas urinando na rua, sujeira espalhada, sexo explícito praticado em via pública e fechamento do trânsitoNessa quarta-feira, meses depois de baixar a portaria com as regras, o Ministério Público voltou a se reunir com representantes da Universidade Fumec, Polícia Militar, Administração Regional Centro-Sul e dos bares da Rua CobreNo encontro, realizado a pedido do promotor Cristovam Joaquim Fernandes Ramos Filho, da Promotoria de Defesa da Habitação e Urbanismo do MP, uma série de medidas foram determinadas para coibir a realização do pré-carnaval

Entre as regras está a determinação de que Polícia Militar e a fiscalização da regional Centro-Sul possam agir com rigor para coibir atos criminosos e infrações ao Código de Posturas do Município“Vamos fazer de tudo para que esse evento não ocorra

É um absurdo pessoas fomentarem esse tipo de festa que incita o uso excessivo de bebida alcoolica e transtornos de toda ordem ”, afirma o promotor

Confusão armada

No convite da internet, a recomendação aos participantes é claraEm letras grandes, que sugerem atenção, os organizadores da festa sugerem: “Levem a maior quantidade de bebida que possam carregar!”Também recomendam que “como os bares não vão abrir na sexta feira, então já sabem, levem seus coolers e isopores”A ideia da confusão é descrita na rede: “À tarde, o pau vai estar quebrando galeeeera???”

A notícia da realização da festa foi mal recebida pelos moradores do Bairro Cruzeiro, que se dizem traumatizados com experiências anteriores de festas“A rua vira uma bagunçaA gente não pode entrar ou sair de carro porque o trânsito fica interditado pela multidãoQuem se arrisca, tem seu veículo amassadoÉ um horror”, conta a dona de casa Perpétua Rocha, de 50 anos, moradora da Rua Cobre

Segundo a presidente da Associação de Cidadãos do Bairro Cruzeiro (Amoreiro), Patrícia Caristo, as festas realizadas no endereço são “uma confusão armada”
“Eles começam à tarde, tranquilosMas a festa só vai enchendo e as pessoas vão ficando bêbadasFazem muito barulho, urinam na rua, deixam muito lixo para trásTambém usam drogas e fazem sexo em plena ruaAlém disso, a circulação fica impraticável”, comenta

A reportagem do Estado de Minas não identificou os organizadores do evento, já que na página da internet não há autoria