Ao contrário dos foliões, quem ocupou nesta sexta-feira a Rua Cobre, no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi um batalhão de policiais militares para impedir a Cobre Folia 2012, evento agendado pela internet e que não tinha licenciamento da prefeitura e dos órgãos de segurança.
A festa estava prevista para começar às 17h30, mas militares de várias unidades da capital começaram a chegar ainda de madrugada. Fiscais da prefeitura impediram a presença de ambulantes e a instalação de banheiros químicos. A única concentração permitida foi de alunos na entrada da faculdade Fumec, mas vigiados o tempo todo. A tranquilidade foi tanta que um professor de mecânica de solo levou sua turma de engenharia ambiental para a rua, onde estudaram o solo de um barranco.
O comandante do 22º Batalhão da PM, tenente-coronel Luiz José Francisco Filho, disse a operação foi para impedir a concentração de pessoas de forma desorganizada e contou com apoio de PMs da Cavalaria e Batalhão de Polícia de Evento. Quarta-feira houve reunião do Ministério Público com a PM, Fumec, prefeitura, moradores e comerciantes da Rua Cobre, quando traçaram estratégias para impedir a festa que, em edições anteriores, trouxe transtorno para todos.
No encontro, a Fumec chegou a propor a instalação de câmeras de vigilância na rua e requisitar da Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos a instauração de procedimento investigatório, para identificar os idealizadores do evento clandestino. A Fumec também se dispôs a aplicar penalidades administrativas previstas no seu estatuto, como advertência, suspensão e até expulsão, caso houvesse envolvimento de seus alunos.
A aposentada Maria José Fernandes, de 68, mora em um prédio em frente e considera a festa uma tortura. Ela conta que no ano passado o seu filho precisou da ajuda da PM para entrar com o carro na garagem, voltando do trabalho, pois as pessoas impediam a passagem e subiam no veículo. "Barulho demais, música extremamente alta. Eles fazem de tudo. Falam palavrões, usam a rua como banheiro, fazem sexo em público. É muito chocante", disse a aposentada.
A professora da Fumec Janaína Kizzi, de 32, reclama que o barulho da festa tira a atenção dos seus alunos e muitos abandonam a sala para ir para a rua. "Eles fazem de tudo. Depois da festa, a rua fica tomada de preservativos usados", disse a professora. Aluno de administração de empresas, Eduardo Henrique Silveira, de 20, da turma da noite, já foi para a Fumec preparado para a festa. "Fiquei decepcionado. Só deu polícia", disse. Donos de bares da Rua Cobre também repudiaram a festa e decidiram fechar as portas ontem.