(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Moradores do Cidade Nova ainda estão assustados com atos de depredação em festa

Ministério Público vai investigar quem organizou o evento. Canteiros foram depredados pelos participantes do evento. Moradores cobram maior rigor no acompanhamento de festas convocadas pela internet


postado em 06/03/2012 07:00 / atualizado em 06/03/2012 07:04

Lixo recolhido pelos garis da SLU deslocados para fazer a limpeza das ruas onde jovens se concentraram(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Lixo recolhido pelos garis da SLU deslocados para fazer a limpeza das ruas onde jovens se concentraram (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

Depois do vandalismo e do desrespeito, a falta de ação da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Moradores das ruas Deputado Bernardino Sena Figueiredo e Professor Amedee Peret e da Avenida Júlio Otaviano Ferreira, na Cidade Nova, Região Nordeste de BH, passaram o dia de ontem esperando em vão um caminhão-pipa da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) para lavar as vias onde no sábado ocorreu uma festa não autorizada que reuniu cerca de 10 mil pessoas. Em meio ao mau cheiro, aos cacos de vidro e outros detritos espalhados pelas ruas, calçadas, jardins, casas e prédios da área, as pessoas comentavam a baderna em que o evento se transformou e cobravam pelo menos a limpeza da imundície deixada pelos vândalos.

A festa, organizada por meio das redes sociais, impediu que os moradores entrassem e saíssem de casa e foi um caos. Garrafas de cerveja atiradas para o alto, música no último volume, gente urinando nas ruas e muros, carros estacionados em cima dos passeios e atos de depredação são alguns dos problemas narrados por quem vem o tumulto de perto e ficou assustado com a atitude da multidão.

Funcionário há 20 anos da Paróquia de Santa Luzia, onde uma noiva conseguiu casar, a portas fechadas, duas horas depois porque ninguém conseguia ter acesso ao templo, Geraldo Otaviano de Oliveira contou que nunca viu nada igual. “Acudi um menino que estava vomitando e engasgando, tendo convulsão. Fiquei com medo. Era uma turma de baderneiro, festa é outra coisa. Tive que trancar a igreja com cadeado”, relatou. O mais impressionante para ele foi uma briga que começou com um murro num rosto e terminou com dezenas de garrafas de vidro voando em todas as direções, na esquina da Rua Professor Amedee Peret com Deputado Bernardino Sena Figueiredo.

Enquanto observava garis da SLU empilhando sacos de lixo cheios de cacos de vidro, a professora Lúcia Ribeiro Cardoso falava que também se impressionou com a quantidade e a fúria dos adolescentes. Moradora da Avenida Júlio Otaviano Ferreira, ela mostrou um pedaço do muro de uma igreja presbiteriana, arrancado pelos jovens, que também removeram uma corrente que impedia o estacionamento na calçada. “Usaram a frente da igreja e os jardins e garagem do meu prédio como banheiro”. Domingo, foram gastos 5 litros de desinfetante para limpar uma parte da sujeira.

DEFESA DO ESTUDANTE


Apontado como o organizador da festa, o estudante Gustavo Moreira Dias, de 21 anos, negou que o ocorrido no fim de semana tenha sido parte do evento preparado por ele. Gustavo informou que havia conseguido permissão da Regional Nordeste e comunicado à BHTrans, Polícia Militar e Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais que faria a festa para promover o bloco Cidade Love. Também disse que tinha a anuência dos moradores. O evento foi divulgado pela internet.

Porém, ainda segundo ele, na sexta-feira, sem obter licença do Corpo de Bombeiros, cancelou o evento. “Comuniquei as autoridades e afixei cartazes nos postes, além de usar as redes sociais para informar que não haveria mais nada. Mas no mesmo dia o bloco Cidade do Povo criou esse evento. Eles afirmaram que fariam a festa de qualquer jeito, pois a rua é pública.

O capitão Luciano Barbosa, da 23ª Companhia do 16º Batalhão, informou que foi feito um boletim de ocorrência em nome de Gustavo e de Fernando Chaves Costa, da Youth Experience, que assina o documento da organização da festa. O boletim será enviado ao Ministério Público. "O Gustavo apresentou, pessoalmente, a autorização e o cancelamento, assim como esteve no local no dia do evento. Se festa foi promovida por outro bloco, ele não nos disse nada nem nos mostrou quem era o responsável. Já o Fernando nunca apareceu", afirmou.

De olho na folia irlandesa

Os episódios de vandalismo na Praça da Liberdade e no Bairro Cidade Nova, causados por eventos festivos, deixaram bastante preocupado o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Anchieta (Amoran), Saulo Lages Jardim, que teme problemas ainda maiores na Praça JK, para onde está prevista a folia do Saint Patrick’s Day, em 17 de março.

A princípio, a iniciativa não cheira bem, pois se o evento for a metade do que foi no ano passado, fará um estrago danado na região", disse Saulo ao lembrar a celebração do padroeiro da Irlanda em 2011, na Savassi, que reuniu cerca de 35 mil pessoas, causou transtornos no trânsito e deixou a área suja e depredada.

O presidente da Amoran acrescentou que a associação vai se reunir o quanto antes para discutir que medidas poderão ser tomadas para proteger a área de lazer. Informou ainda que entrará em contato com os organizadores da festa para conversar e obter garantias de que não haverá danos ao patrimônio público.

MULTIDÃO


No site oficial do Saint Patrick's Day, definida como "a maior festa irlandesa do Brasil", os organizadores do evento informam que pelo menos 20 mil pessoas já confirmaram presença na celebração, faltando 11 dias para sua realização. As pessoas que comprarem 12 garrafas de uma determinada marca de cerveja terão direito a um par de ingressos (um masculino e um feminino).
Enquanto isso...

...Livres para depredar

O vandalismo na Cidade Nova, menos de um mês depois de uma multidão danificar a Praça da Liberdade, durante um show do Grupo Monobloco, em 12 de fevereiro, não foi capaz de sensibilizar a PBH para a necessidade de alterar as regras de licenciamento para eventos em espaços públicos, adotando critérios mais rígidos e responsabilizando os organizadores por qualquer dano ao patrimônio público. Por enquanto, segundo a assessoria de imprensa da administração municipal, as mudanças permanecem em fase de estudo e não há prazo para que sejam implementadas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)