Uma corrente de orações forte, vibrante e emocionada marcou, na noite de ontem, o traslado dos restos mortais da Irmã Benigna Victima de Jesus – 16/8/1907, em Diamantina/16/10/1981, em BH –, em processo de beatificação. Eram 20h30 quando cerca de 2 mil pessoas, algumas residentes no exterior, rezaram Salve Rainha, a preferida da religiosa, para dar início à carreata que percorreu três quilômetros, tendo à frente o caminhão do Corpo de Bombeiros transportando a urna, da Igreja de Santa Teresinha, no Bairro Santa Teresinha, ao Noviciado Nossa Senhora da Piedade, na Região da Pampulha. “Damos um passo importante para a beatificação de Irmã Benigna, que era gente nossa, gente santa, de Deus. Tinha generosidade, alegria, compaixão e compromisso com os que sofrem. O nosso trabalho prossegue e temos muita esperança de sucesso, assim como ocorreu com o beato Padre Eustáquio (1890-1943), em 2006”, disse o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Ele celebrou missa, às 18h, na companhia do bispo de Oliveira, dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro.
Residente em Toronto, Canadá, a belo-horizontina Simone de Assis, casada e com três filhos, veio especialmente para participar da cerimônia de traslado. Ela contou que o marido, canadense, esteve desenganado pelos médicos em 2009. E foi somente depois de muitas orações pedindo a intercessão de Irmã Benigna que ele se curou. A aposentada Rosa Maria Vieira Silva, moradora do Bairro Alípio de Melo, na Região Noroeste, também creditou à freira a cura do filho Rodrigo, de 33, que sofria de problemas “sérios” no joelho. “Agradeço pois ele está maravilhoso.”
Um dos momentos mais bonitos da cerimônia, acompanhada pelo postulador da causa de beatificação, o italiano Paolo Vilotta, foi a entrada, no templo católico, das integrantes da Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, à qual a Irmã Benigna pertencia, com a urna nas mãos. Para Vilotta, que atuou na causa de Irmã Dulce (1914-1992), beatificada em maio em Salvador (BA) e está à frente de 45 processos no Brasil e Itália, o Vaticano valoriza muito a chamada “fama de virtude” do candidato a beato e, posteriormente, a santo. Ele disse que ainda não há registro de milagres creditados a Irmã Benigna. O postulador atua como um advogado e, nesse caso, está a serviço da congregação e da Associação dos Amigos de Irmã Benigna (Amaiben). O traslado para a capela do noviciado é uma etapa de relevância na causa de beatificação. O encaminhamento do caso vai depender, segundo ele, da atual etapa, a cargo do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Belo Horizonte.