Se na superfície, dentro dos gabinetes, a burocracia emperra o início de obras prometidas há mais de 25 anos e atrasa a liberação das verbas para o metrô, nas profundezas de Belo Horizonte a natureza favorece a ampliação do sistema de transporte na capital mineira
No mês que vem, a Metrominas, empresa com participação do governo estadual e das prefeituras de BH e Contagem que vai gerenciar a expansão do sistema de trens, dará os primeiros passos para conhecer o subsolo da cidade, numa extensão de 4,5 quilômetros entre a Lagoinha e a Savassi, por onde passará a Linha 3, único trecho debaixo da terraDe acordo com o coordenador do projeto do metrô na Prefeitura de BH, Márcio Duarte, em abril será lançada a licitação para contratar serviços de topografia e geotecnia“Antes do projeto executivo, precisamos fazer uma sondagem detalhadasAbrir um túnel debaixo da Avenida Afonso Pena é muita responsabilidade”, ressalta.
Ao custo de R$1,4 bilhão, a Linha 3, por onde circularão cinco trens, terá cinco estações – Lagoinha, Praça Sete, Palácio das Artes, Praça Tiradentes e SavassiA linha passará debaixo do Ribeirão Arrudas e das proximidades da Avenida Afonso Pena e da Rua Pernambuco, chegando até a Avenida Cristóvão Colombo, na Região Centro-SulSegundo Duarte, a concorrência para conhecer o subsolo dessa região será lançada independentemente da publicação das propostas selecionadas para o PAC Mobilidade Grandes Cidades, programa do governo federal que promete garantir R$ 3,16 bilhões para o metrô de BH
Terra firme
Conhecedor das profundezas da cidade, professor Edézio, membro da equipe que elaborou os Estudos Geológicos, Hidrogeológicos, Geotécnicos e Geoambientais do município de BH, em 1995, não tem dúvidas de que a sondagem apontará terreno favorável ao transporte subterrâneo“O metrô de BH deveria ser feito numa profundidade maior, na rocha gnaissica Esse material firme dá estabilidade para os túneis”, diz
A exceção, de acordo com Edézio, é a Região da Savassi, que tem terreno mais heterogêneo “Ali são encontradas rochas arrastadas da Serra do Curral, como itabiritos e quartzitos”, contaDiretor do Instituto Mineiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-MG), Clémenceau Chiabi Saliba Júnior destaca a importância da sondagem numa capital com território totalmente ocupado“O metrô de BH é perfeitamente exequível e fácil, se comparado a outros locaisMas é a sondagem que vai mostrar o nível da rocha, a localização do lençol freático e todas as interferências possíveis, como as linhas de água, energia e drenagem.”
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