Os excessos no volume da diversão e a luta por tranquilidade se transformaram em queixas à polícia 42.108 vezes em Belo Horizonte no ano passadoOs números correspondem aos chamados recebidos pela Polícia Militar referentes à perturbação do sossegoO cenário ganha mais gravidade diante do aumento de 35% nas ocorrências no primeiro trimestre deste ano (12.143), em relação ao mesmo período de 2011 (8.988)O susto é ainda maior frente ao aumento constatado apenas nas três primeiras semanas deste mêsAté dia 21, houve crescimento de 70,6% das reclamações, em comparação com março inteiro do ano passado Os dados foram divulgados ontem pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), que prepara operação de combate ao barulho em conjunto com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização.
O pico das reclamações à PM ocorre normalmente entre as 22h do sábado e as 4h do domingo, quando o telefone da corporação chega a tocar 81 vezes por hora, por causa de reclamações relacionadas à perturbação do sossego Apenas em janeiro deste ano, ligações nas madrugadas de domingo somaram 1.773 chamadosOs endereços de reclamações mais frequentes estão nos bairros Santo André, na Região Noroeste, e Colégio Batista, na Leste.
De acordo com o comandante do Policiamento da Capital, coronel Rogério Andrade, ocorrências atendidas pela PM se diferem um pouco daquelas respondidas pela prefeituraEnquanto o serviço municipal, que recebeu 9.051 reclamações de poluição sonora em 2011, se concentra em atendimentos em casas de shows, bares, construção civil, igrejas, entre outros, a PM atua mais em conflitos de vizinhos“O principal motivo são festas e veículos com som alto”, contaEmbora haja diferenças no perfil dos atendimentos, os dois órgãos trabalharão em parceria nas ações de fiscalização da poluição sonora e, a partir da semana que vem, prometem reforçar o número de equipes em campo, que passará de três para cinco.
Apesar do aumento das ocorrências que chegam à PM, a união, de acordo com a secretária da fiscalização, Míriam Barreto, já dá mostras de um bom resultado
O plantão noturno do Disque-Sossego da prefeitura funciona de quinta-feira a domingo, até as 2hDuas equipes cuidam de quatro regionais da cidade, outras duas, de mais quatro, e uma dupla de fiscais atende exclusivamente a Região Central, área de concentração de estabelecimentos de lazerCom o reforço, as áreas Norte e Sul ganharão incremento de duas equipes da PM e da fiscalizaçãoA secretária explica que o índice de atendimento do Disque-Sossego ficava na margem dos 40% porque muitas das ocorrências poderiam pôr o profissional em risco“Quando o fiscal chega aos estabelecimentos, normalmente há uma reação contrária, pois as pessoas estão num momento de lazer e isso pode trazer algum perigo à integridade do profissional”, conta Míriam.
O coronel Rogério Andrade afirma ainda que, a partir do mapa das áreas com maior reincidência, a corporação vai passar a ir aos principais endereços das ocorrências para fazer a notificação e explicar sobre a contravenção penal“Vamos advertirÉ uma maneira de atuarmos preventivamenteOs contraventores precisam entender que, ao agir dessa forma, tiram a prioridade do atendimento de alguém que precisa de socorro”, afirma o comandante, que também pretende conseguir o apoio do Ministério Público no combate ao barulho.
Desrespeito generalizado na cidade
Em reportagem publicada na segunda-feira, o Estado de Minas traçou um mapa das afrontas à Lei do Silêncio em Belo Horizonte, seguindo indicações de fiscais da prefeitura e com ajuda de um medidor de nível de pressão sonora