Jornal Estado de Minas

ViolĂȘncia envolvendo menores continua alarmante em Passos, no Sul de Minas

Mateus Parreiras
Depois de 45 dias preso numa instituição para menores infratores fora de sua cidade, o garoto A., de 15 anos, voltou ao seu bairro, o Novo Horizonte, e cumpriu a promessa que fez quando foi detido: assassinou seu desafeto com dois tiros na cabeça
A vítima, morta na noite de sexta-feira, era outro menor, de 16 anos, que também tinha envolvimento com o tráfico de drogas e crimes na cidade de Passos, no Sul de Minas.

A violência alarmante continua na cidade 15 dias depois de o Estado de Minas ter mostrado que menores respondem por 85% dos homicídios locais e que, mesmo quando são presos, acabam soltos por não haver instalações adequadas para custodiá-los enquanto não são julgados.

Foi o que ocorreu com A., que ficou livre na semana passada depois de ser apreendido e ficar cinco dias num presídio e outros 40 numa instituição criminal, acusado de um homicídio que confessouComo a Justiça não determinou o cumprimento de uma medida socioeducativa – o equivalente a uma pena para os adultos –, ele teve de ser libertado, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)“É um absurdo o que está acontecendo aquiVocê prende menores perigosos, que estão matando sem qualquer preocupação, e em 45 dias eles acabam soltos novamente”, desabafa o delegado de homicídios de Passos, Marcos Pimenta.

De acordo com o policial, pelo local onde o crime ocorreu e pelo nome da vítima foi possível descobrir quem era seu assassino“Eles (os menores) não estão preocupados em ser presosMatam e depois sabem que o máximo que pode acontecer é ficar um mês e meio internadosIsso só gera mais impunidade e um desejo de vingança na populaçãoIsso é muito perigoso”, afirma o policial.

OCUPAÇÃO Por causa do alto índice de mortes, o Bairro Novo Horizonte foi tomado pela Polícia MilitarSegundo o comando da PM na cidade, até os exercícios de educação física são feitos nas ruas da comunidade humilde para manter a presença da polícia ali e impedir novos crimes.

A falta de centros socioeducativos têm reflexo direto no aumento da violência em cidades como Varginha, Lavras, Passos, Conselheiro Lafaiete e Coronel Fabriciano segundo autoridades policiais desses municípios – todos com mais de 100 mil habitantesAs 22 instituições do estado estão com ocupação 48,7% acima de sua capacidade, tendo 1.867 internos dividindo 1.225 vagas.