As mulheres que acusam o homem de estupro entraram em contato com a polícia ontem, depois da divulgação das imagens do presoElas disseram ter sido violentadas na mesma época em que ocorreu o ataque no Cidade NovaOs estupros ocorreram em diferentes regiões da cidadeRelataram ainda conhecer outras mulheres também agredidas por PedroAté o momento, nenhuma das vítimas compareceu à polícia para prestar depoimento, o que deve ocorrer na próxima semana.
Margaret de Freitas afirmou que o trabalho de esclarecimento de todos os casos que tenham o envolvimento de Pedro vai ser intensificado“Vamos reforçar as investigações, colher o depoimento dessas possíveis vítimas e voltar a ouvir o PedroVamos tomar o depoimento dele ainda muitas vezes porque estimo que o número de mulheres estupradas possa passar de 10”, reforçou a policial.
Diante das novas denúncias, a delegada diz ser possível traçar um perfil das vítimas“Todas são mulheres que estão na faixa etária de 25 a 35 anos, o que leva a crer que as investidas dele eram contra crianças e adolescentes”, afirmaA delegada não descarta a possibilidade de que o suspeito tenha continuado a atacar mulheres até os dias de hoje
Pedro foi reconhecido quarta-feira no Bairro Anchieta, Região Centro-Sul da capital, quando a jovem atacada por ele em 1997 passava de carro e o viuCoincidentemente, vítima e estuprador moravam próximosA mulher seguiu o agressor, o viu entrar em um prédio e avisou seu pai, que chamou a Polícia Militar.
Os militares conduziram o suspeito até a Delegacia de Mulheres, onde foi feita a identificação oficialEle teve a prisão preventiva decretada e foi levado para o Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) São Cristóvão, onde permanece detido.
Perfil
Vizinhos de Pedro Meyer traçaram ontem um perfil do acusado“Ele sempre foi uma pessoa estranhaNão olhava nos olhos da gente e andava sempre de óculos escuros e de bonéNunca comentava sobre assuntos pessoais ou sobre a famíliaFoi meu cliente por mais de 20 anos e nem sei onde ele mora
O motorista de um restaurante próximo à residência também relatou o comportamento reservado de Pedro“Era muito caladoNunca veio aquiNão o via com amigosSó saía de casa de vez em quandoNão era muito de circular.” Por telefone, uma sobrinha de Pedro disse que a família está assustada com as denúncias, que não vai se pronunciar sobre o assunto, mas afirmou que acredita na inocência do tio.
Dois ataques por dia na Grande BH
Pelos menos duas mulheres são estupradas na Região Metropolitana de Belo Horizonte a cada 24 horasEssa é a estimativa da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com base nas estatísticas dessa modalidade de crime violento, que em 2011 vitimou 764 mulheres da Grande BHA capital concentrou praticamente metade dos casos e foi responsável por 364 ocorrênciasEm 2010, o número foi ainda maior e a média de mulheres violentadas sexualmente foi de 2,69 por diaNo período, foram lavrados 982 boletins de ocorrência com histórico de estupro, sendo que 479 tiveram origem em BH.
Apesar da redução em 2011, a delegada Margaret de Freitas Assis Rocha, chefe da Delegacia de Mulheres, afirma que os números ainda são altos“Em 2010 tivemos aumento nos casos de estupro, reflexo de uma mudança na tipificação dos casos de atentado violento ao pudor, que passaram a ser tratados como estuproE, mesmo com a queda do ano passado, a realidade ainda assusta tendo em vista a violência do crime”, disse.
A delegada informou que os dados podem ser mais expressivos, já que muitas mulheres têm vergonha de denunciarE, ao falar da subnotificação, encoraja as vítimas“É preciso que essas situações sejam denunciadasTal violência não pode ficar impune, tendo em vista o trauma psicológico profundo que a vítima sofre”, afirmouSegundo ela, a delegacia tem se empenhado em dar respostas nos casos investigados“O estupro de uma pessoa desconhecida leva tempo para investigarÉ difícil dentro do universo de pessoas que existem na cidade”, disse.