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Estado de Minas

Túnel da vergonha pode, enfim, ser usado em Belo Horizonte

Obra de R$ 70 milhões que liga o nada a lugar nenhum pode ser integrada ao traçado da Via 710 e ajudar a desafogar o tráfego no Centro de BH


postado em 10/04/2012 06:00 / atualizado em 10/04/2012 07:48

Para que sirva de caminho aos veículos da Via 710, o túnel vizinho à estação do metrô José Cândido da Silveira precisará consumir ainda mais dinheiro, a fim de passar por reformas, mesmo sem nunca ter sido usado, e por obras de drenagem(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Para que sirva de caminho aos veículos da Via 710, o túnel vizinho à estação do metrô José Cândido da Silveira precisará consumir ainda mais dinheiro, a fim de passar por reformas, mesmo sem nunca ter sido usado, e por obras de drenagem (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

 

Esquecido por mais de 20 anos sob a Avenida José Cândido da Silveira, no Bairro Santa Inês (Região Nordeste de BH), um túnel ferroviário que custou cerca de R$ 70 milhões – estimativa atualizada pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – à extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) se degrada entre um matagal e um brejo de águas ainda límpidas. Com 240 metros de comprimento, 10 metros de largura e oito de altura, a passagem de concreto pode ser usada em uma das apostas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para desafogar o trânsito caótico da cidade. Por meio de doação do terreno da União ao município, o túnel deve integrar um dos sentidos da chamada Via 710, uma pista expressa para ligar as avenidas Cristiano Machado e dos Andradas, eliminando a necessidade de os condutores passarem pelo Centro da capital.

A promessa de término dessa intervenção é para novembro do ano que vem. O custo está estimado em R$ 98 milhões, sendo R$ 78 milhões a serem liberados pela Caixa Econômica Federal, referente às obras de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014. De acordo com o diretor de Planejamento da BHTrans, Célio Freitas, a obra não vai atrasar. Mas, por enquanto, nenhum operário foi visto no brejo abandonado que se tornou a entrada do túnel. A estrutura foi feita para servir de ramal alternativo para que os trens da RFFSA não precisassem passar por Sabará, na Grande BH.

Em vez de carros ou trens cortando caminho, dentro de mais esse monumento ao desperdício de dinheiro público, segundo moradores, só o que se vê são insetos, lagartos e cobras. “Não acredito que vão fazer nada com esse túnel, não. Mas sempre quis saber onde ele vai dar”, afirma o serralheiro Jardel Aroldo Martins Rodrigues, de 29 anos, que trabalha ao lado da estrutura esquecida. A resposta para a pergunta do contribuinte é a mesma que merecem outras obras ferroviárias da região metropolitana, como as ruínas da Ferrovia do Aço: o túnel não leva a lugar nenhum. Uma entrada vem de um terreno que recebeu terraplanagem, brita e outras estruturas para sustentar dormentes, em  trecho de aproximadamente 300 metros todo tomado por mato. Do outro lado fica o brejo formado por várias nascentes que correm pela região.

Para que sirva de caminho aos veículos da Via 710, o túnel sob a Avenida José Cândido da Silveira, vizinho à estação do metrô de mesmo nome, precisará consumir ainda mais dinheiro, a fim de passar por reformas, mesmo sem nunca ter sido usado, e por obras de drenagem. O riacho que corre ali não é contido pela pequena galeria, já assoreada e alagada em vários pontos. A cada chuva, a enxurrada carrega mais lixo para o interior escuro da estrutura. Estrume de cavalos encontrado ao longo do caminho subterrâneo indica o único meio de transporte que passa pelo interior da obra inacabada.
 


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