Quem trabalha na região ou precisa passar por ela por algum motivo não vê a hora de a promessa se cumprir, para poder se livrar de entulho, tapumes, transtornoE da fuga de clientesCristiane Aparecida, de 32 anos, vendedora comissionada, há três anos trabalha na região e diz que é preciso recuperar o tempo perdido“As vendas caíram demaisEsta obra já tem mais de anoNão precisava ter demorado tanto e acho que dificilmente vai ficar pronta até o fim do mês, como estão falando.”
A Prefeitura de Belo Horizonte não marca dia para acabar com a expectativaEm nota oficial, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) apenas confirma o término dos serviços de “infraestrutura em relação às adequações das redes de drenagem de água e esgoto, sistema de irrigação e adequação das redes lógicas das concessionárias de serviços públicos e privados, como telefonia e TV a cabo”
A diretora de Obras e Infraestrutura, Maria Luisa Moncorvo, afirma que falta pouco para cumprir a previsão de terminar as obras ainda este mês“Vamos concluir a implantação de todo o projeto no prazoEstamos na fase de finalização de instalação das fontes e do projeto paisagísticoSeguimos o cronograma, com apenas uma redução das intervenções no fim do ano, para atender às reivindicações dos lojistas A obra será entregue dentro da concepção original do projeto, com ajustes mínimos necessários em relação a acessibilidade e mobilidade”, disse
Mas nos quatro quarteirões ainda há muito a ser acabadoA obra nem foi entregue e alguns pontos já carecem de reparosNa Rua Antônio de Albuquerque, trabalhadores substituem peças do piso“Tem gente que não tem cuidadoQuase todo dia tem coisa para arrumar”, diz o jovem trabalhador
Na Praça Diogo de Vasconcelos - com seus novos totens de aço em que o “de” desapareceu do nome oficial -, o que se vê é trabalho por todo cantoNo quadrilátero em barro e cimento grosso, o granito, enfim, começa a dar beleza ao revestimento das arquibancadas de concretoO vaivém das marretas marca o compasso de mais uma tarde de poeiraO barulho das máquinas de cortar pedras se junta ao som dos automóveis, cujos motoristas ainda apanham das novas marcações de trânsito no piso - impressiona a quantidade de desavisados sobre ou além da faixa de pedestres, diante do sinal fechado.
Em conversa informal, um dos operários interrompe a lida para dizer que acredita estar no prazo“Já até estão regulando a força dos jatos d’água da fonteÉ que a água estava indo longe demais, na ruaAs luzes também já foram testadasEstá uma belezaÀ noite, fica tudo iluminadoUm clarãoEstá parecendo campo de futebol”, entusiasma-se
Mas o entusiasmo não se repete em gente como Carlos Roberto Martins, de 60, frequentador da Savassi desde garotoNão lhe agradam a demora nem o resultado da revitalização“Veja o Japão… Os japoneses conseguem se reerguer de uma catástrofe e a gente apanhando de uma obra deste tamanhoÉ tempo demais”, compara“Não acho que está bonitoAlém do mais, se você observar bem, próximo às avenidas, a área de circulação dos pedestres foi reduzida, com a elevação dos canteiros, com estas arquibancadasParece mais coisa de futebolNão tem muito a ver com a Savassi”, critica.
Enquanto cidadãos estão com um pé atrás, lojistas se mostram confiantes na conclusão das obras“Estamos planejando uma série de eventos para os próximos dois meses, para marcar a reinauguraçãoFalta pouco e vamos aproveitar o apelo do Dia das Mães, segundo domingo de maio, e Dia dos Namorados, em 12 de junho, para essas atividades culturais e artísticas”, disse o presidente do Conselho da CDL Savassi, Alessandro RunciniSegundo ele, o cronograma da obra tem sido cumprido“O que foi acertado com a comissão de obra está mantidoInicialmente, a conclusão seria em março, mas em outubro houve realocação do canteiro de obras, atendendo a reivindicação dos lojistas, o que gerou o atraso de um mês.” Agora, todos - lojistas, clientes, pedestres, motoristas, usuários em geral - torcem para que o atraso fique apenas nisso.