Cara de uma, focinho da outra. E, nessa história de semelhança entre as sacolas plásticas convencionais e as ecológicas, saem perdendo o consumidor e o meio ambiente. Pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro Universitário Newton Paiva mostram que as embalagens vendidas como biodegradáveis ou compostáveis em Belo Horizonte, na verdade, têm composição praticamente idêntica àquelas banidas pela Lei 9.959/2008, em vigor há um ano e que determinou a substituição dos modelos à base de petróleo. Outro estudo, também da Newton Paiva, aponta que a decomposição das sacolas biodegradáveis não ocorreu em 180 dias, prazo máximo estipulado pela legislação. Especialistas cobram fiscalização dos fabricantes das embalagens pela prefeitura da capital.
O Laboratório de Ciência e Tecnologia de Polímeros do Departamento de Engenharia Química da UFMG analisou 25 sacolas ecológicas recolhidas aleatoriamente em estabelecimentos de BH. Com a inscrição que comprova atendimento às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) impressa nas sacolas, a expectativa era de encontrar amido de milho, batata ou mandioca na composição das amostras. Mas o resultado foi bem diferente. “Não encontramos nenhuma sacola que não fosse à base do polietileno (polímero usado na fabricação de embalagens de plástico). E aquelas que se intitulam oxibiodegradáveis, com um aditivo que acelera sua decomposição, contêm ainda metais pesados”, afirma o coordenador do laboratório, o professor Roberto Fernando de Souza Freitas.
E o que ganha o meio ambiente? “Nada, estamos recebendo sacolas fraudadas. É preciso que órgãos de defesa e fiscalização solicitem análises a laboratórios credenciados”, afirma o professor, que contesta a Lei das Sacolas Ecológicas. “A eficácia passa também por uma destinação correta do material biodegradável, que tem que passar por um processo de compostagem. Em vez de substituir as sacolas, é necessário educar as pessoas e criar estruturas público-privadas para descartar corretamente os plásticos, seja a sacolinha ou o computador. Da mesma forma que o plástico tem a propriedade de durar 500 anos, ele também pode ser reciclado por 500 anos e atender a seis gerações”, ressalta.
Defensor da substituição dos modelos à base de petróleo, o professor de química do Centro Universitário Newton Paiva Luciano Faria, em estudo com 60 sacolas feito com espectrofotômetro de infravermelho, aparelho usado na identificação de polímeros, obteve a mesma constatação da UFMG. “Os espectros entre as sacolas convencionais e as biodegradáveis são idênticos”, afirma. Ele cobra fiscalização para o cumprimento de uma legislação que considera importante, já que a olho nu não é possível identificar diferenças marcantes entre os modelos. “Sacolas convencionais, além de demorar 400 anos para se decompor, influenciam na decomposição dos materiais que estão dentro dela. Se caem nos cursos d’água, trazem prejuízos para a fauna e a flora”, afirma.
Análises
O estudante do 5º período de engenharia ambiental da Newton Warlen Librelon foi ainda mais longe. Desde setembro, está analisando 15 sacolas plásticas e já adianta: a decomposição está longe de ocorrer. A pesquisa está sendo desenvolvida em cinco ambientes – água tratada pela Copasa, água da Lagoa da Pampulha, debaixo da terra, sobre a terra e ao ar livre. Em cada um deles foram deixadas três amostras diferentes. “Desde o início do trabalho, a diferença é quase imperceptível”, destaca.
O prazo já ultrapassou os seis meses em que, de acordo com a legislação de Belo Horizonte, deveria haver a decomposição dos sacos biodegradáveis, mas o universitário está considerando o período de 18 meses defendido pelos fabricantes para a conclusão do processo. “O próximo passo é a avaliação microbiológica para verificar quais mecanismos estão se manifestando. Vamos aguardar mais tempo para ver se elas vão se decompor e em quanto tempo isso ocorrerá”, diz.
As irregularidades relacionadas à composição das sacolas biodegradáveis podem ser explicadas pela dificuldade de se obter a matéria-prima no país. “A produção do material biodegradável ocorre apenas na Alemanha, que fornece para o Brasil uma cota de 100 toneladas por dia. Isso equivale ao consumo da cidade de São Paulo em dois dias”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), Alfredo Schimitt. De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis), está em estudo a possibilidade de um convênio com a UFMG para viabilizar os testes das sacolas.
O Laboratório de Ciência e Tecnologia de Polímeros do Departamento de Engenharia Química da UFMG analisou 25 sacolas ecológicas recolhidas aleatoriamente em estabelecimentos de BH. Com a inscrição que comprova atendimento às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) impressa nas sacolas, a expectativa era de encontrar amido de milho, batata ou mandioca na composição das amostras. Mas o resultado foi bem diferente. “Não encontramos nenhuma sacola que não fosse à base do polietileno (polímero usado na fabricação de embalagens de plástico). E aquelas que se intitulam oxibiodegradáveis, com um aditivo que acelera sua decomposição, contêm ainda metais pesados”, afirma o coordenador do laboratório, o professor Roberto Fernando de Souza Freitas.
E o que ganha o meio ambiente? “Nada, estamos recebendo sacolas fraudadas. É preciso que órgãos de defesa e fiscalização solicitem análises a laboratórios credenciados”, afirma o professor, que contesta a Lei das Sacolas Ecológicas. “A eficácia passa também por uma destinação correta do material biodegradável, que tem que passar por um processo de compostagem. Em vez de substituir as sacolas, é necessário educar as pessoas e criar estruturas público-privadas para descartar corretamente os plásticos, seja a sacolinha ou o computador. Da mesma forma que o plástico tem a propriedade de durar 500 anos, ele também pode ser reciclado por 500 anos e atender a seis gerações”, ressalta.
Defensor da substituição dos modelos à base de petróleo, o professor de química do Centro Universitário Newton Paiva Luciano Faria, em estudo com 60 sacolas feito com espectrofotômetro de infravermelho, aparelho usado na identificação de polímeros, obteve a mesma constatação da UFMG. “Os espectros entre as sacolas convencionais e as biodegradáveis são idênticos”, afirma. Ele cobra fiscalização para o cumprimento de uma legislação que considera importante, já que a olho nu não é possível identificar diferenças marcantes entre os modelos. “Sacolas convencionais, além de demorar 400 anos para se decompor, influenciam na decomposição dos materiais que estão dentro dela. Se caem nos cursos d’água, trazem prejuízos para a fauna e a flora”, afirma.
Análises
O estudante do 5º período de engenharia ambiental da Newton Warlen Librelon foi ainda mais longe. Desde setembro, está analisando 15 sacolas plásticas e já adianta: a decomposição está longe de ocorrer. A pesquisa está sendo desenvolvida em cinco ambientes – água tratada pela Copasa, água da Lagoa da Pampulha, debaixo da terra, sobre a terra e ao ar livre. Em cada um deles foram deixadas três amostras diferentes. “Desde o início do trabalho, a diferença é quase imperceptível”, destaca.
O prazo já ultrapassou os seis meses em que, de acordo com a legislação de Belo Horizonte, deveria haver a decomposição dos sacos biodegradáveis, mas o universitário está considerando o período de 18 meses defendido pelos fabricantes para a conclusão do processo. “O próximo passo é a avaliação microbiológica para verificar quais mecanismos estão se manifestando. Vamos aguardar mais tempo para ver se elas vão se decompor e em quanto tempo isso ocorrerá”, diz.
As irregularidades relacionadas à composição das sacolas biodegradáveis podem ser explicadas pela dificuldade de se obter a matéria-prima no país. “A produção do material biodegradável ocorre apenas na Alemanha, que fornece para o Brasil uma cota de 100 toneladas por dia. Isso equivale ao consumo da cidade de São Paulo em dois dias”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), Alfredo Schimitt. De acordo com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização (Smafis), está em estudo a possibilidade de um convênio com a UFMG para viabilizar os testes das sacolas.