O único trecho da 381 que seria beneficiado pelo Crema tem 96 quilômetros, entre Governador Valadares (Vale do Rio Doce) e a divisa com o Espírito SantoSeu orçamento era de R$ 58.771.729,57 Com a revogação das obras, o trecho perderá, além da recomposição do pavimento, dos meios-fios e das sarjetas, a substituição de um quilômetro de rede de drenagem, recomposição de barreiras danificadas e instalação de 95 bueiros, estruturas essenciais para manter a via em funcionamento durante o período chuvoso, intenso no Vale do Rio DoceAlém disso, a manutenção que seria firmada por cinco anos e a recomposição de faixas, zebrados, cercas, defesas metálicas e a substituição de 225 metros quadrados de placas reflexivas por 610 metros quadrados, não será mais feita.
O cancelamento do processo deixa ainda mais incertezas sobre a segurança na estrada, uma vez que a duplicação do trecho anterior, entre Belo Horizonte e Governador Valadares – chamado de Rodovia da Morte, por registrar o maior número de óbitos em rodovias mineiras –, ainda está congelada em Brasília, enquanto técnicos do Dnit definem o projeto executivoOs editais cancelados em todo o Brasil tinham orçamento previsto de R$ 1,06 bilhão para cobrir uma malha de 1.735 quilômetros.
Apesar de não estar compreendido na Rodovia da Morte, o trecho que ficará sem recuperação e conservação da BR-381 é caminho de muitos mineiros com destino ao Espírito Santo e foi local de acidentes graves este anoUm dos mais recentes ocorreu no dia 13, quando um jovem motociclista tentou desviar de um dos buracos da estrada e perdeu o controle da moto que pilotavaRalph Marques da Costa, de 25 anos, seguia para o Espírito Santo
Promessa de R$ 17,6 bilhões
O programa de restauração e manutenção das rodovias federais foi criado para melhorar, reparar e manter conservados trechos rodoviários em todo o país, com recursos da ordem de R$ 17,6 bilhões para reparar 32 mil quilômetros de vias no paísDe acordo com despacho do Dnit, no caso da BR-381 algumas discrepâncias entre as empreiteiras concorrentes e o projeto causaram a revogaçãoEntre os motivos estavam problemas nos ensaios, cálculos e laudos conclusivos da viabilidade técnico-econômica da utilização de pedreiras, areais e cascalheiras próximas aos trechos de realização das obras “e que não têm licenciamento ou lavra concedida identificados no site do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), mas podem ser objeto de prévio bloqueio das jazidas no DNPM, ou que têm menor distância de transporte”.
O Estado de Minas procurou ontem a assessoria de imprensa do Dnit, mas ninguém foi encontrado para comentar o assunto.