Os moradores do edifício Vale dos Buritis, que desmoronou em 10 de janeiro no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH, esperam a conclusão da perícia oficial da Justiça para apontar a responsabilidade da Estrutura Engenharia no desabamento. Segundo a advogada Karen Myrna Teixeira, que representa os condôminos, o laudo da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), que apontou como causa da queda o descalçamento da encosta realizado pela Pódium Engenharia, outra construtora que realizava um empreeendimento no fundo do imóvel, apenas reforçou a tese de que o solo era instável, e, por isso, por ocasião da construção do Vale do Buritis, há 13 anos, a empresa responsável deveria ter adotado os procedimentos adequados.
Os moradores do edifício não viram avanços na conclusão do laudo da Sudecap. Para eles, os problemas estruturais da edificação, que ficava na Rua Laura Soares Carneiro, eram anteriores ao corte do terreno, portanto, esperam agora que isso fique demonstrado no laudo oficial requisitado pela Justiça, que será entregue no próximo mês
“Esse laudo da Sudecap não muda nada. A culpa é de quem construiu o edifício. Há três anos e meio vínhamos tentando comprovar na Justiça que existia o risco de desmoronamento, o que esperamos que se confirme por meio do laudo oficial”, afirmou a supervisora de telemarketing Rita Piumbini, ex-moradora do apartamento 101. O prazo para que o perito oficial da Justiça estadual Eduardo Vaz de Mello entregue o laudo é 12 de maio. Rita mora de aluguel num apartamento no Buritis e, mesmo com a decisão judicial obrigando a Estrutura Engenharia a pagar R$ 1,5 mil de aluguel, ela diz que passou a gastar mais R$ 500 com custo de moradia.
O laudo geotécnico da Sudecap, assinado pelo engenheiro José Eduardo de Aguiar, conclui que “o descalçamento do aterro para construção de edificação, agravado pelo aumento da umidade do solo pelas chuvas, foi o agente deflagrador do processo final de deslizamento que culminou na ruptura da encosta da Rua Laura Soares Carneiro”. Ainda, segundo o documento, apesar do rompimento da tubulação de água na via, bem como as chuvas do período entre outubro e janeiro, a responsabilidade pelos danos e prejuízos causados, com o desmoronamento do Vale dos Buritis, deve-se principalmente às obras de terraplanagem e às deficiências nas estruturas de contenção instaladas na encosta.