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Estado de Minas

Pesquisadores apontam alto índice de bactérias em estetoscópios

Estudiosos aconselham pacientes e profissionais a reforçarem a higienização dos aparelhos com álcool 70%


postado em 01/05/2012 07:40 / atualizado em 01/05/2012 11:31

"O próprio paciente pode e deve começar a perguntar para seu médico: 'Você higienizou seu estetoscópio com álcool 70%?' É um direito do paciente", Leandro Duarte de Carvalho, pesquisador e professor da Faculdade de Ciências Médicas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


O estetoscópio, instrumento indispensável a médicos e enfermeiros, pode representar um risco à saúde. A extremidade circular – diafragma – que fica em contato com a pele do paciente para auscultar os batimentos cardíacos e vibrações pulmonares, pode funcionar como veículo de disseminação de bactérias. Essa é a conclusão de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG). Em laboratório, a equipe analisou 70 estetoscópios, dos quais 69 (98,6%) apresentaram pelo menos uma espécie de bactéria. No total, foram isolados 182 tipos diferentes de colônias bacterianas.

“Isso não significa que todo mundo que se contaminar desenvolverá a doença, mas a pesquisa serve de alerta tanto para médicos quanto para pacientes, que devem adotar medidas para minimizar os riscos”, aponta o coordenador do estudo, o médico perito Leandro Duarte de Carvalho, professor da Faculdade de Ciências Médicas. Um dos objetivos do estudo é conscientizar os profissionais de saúde da necessidade de limpar com frequência os próprios estetoscópios. “Alguns já fazem isso, mas ainda não é um hábito generalizado e padronizado”, aponta Carvalho.

Os pesquisadores recomendam que o instrumento seja higienizado com álcool 70%. “Essa substância provou ser uma alternativa eficaz para atenuar a contaminação dos objetos, além de ser barato e fácil de achar”, justifica o professor. Depois de feita a limpeza, 22 estetoscópios (34,3% do total) não apresentaram nenhum tipo de bactéria. Além disso, foram isolados 62 tipos de colônias bacterianas, 66,1% menos contaminação do que as amostras anteriores à antissepsia.

Sem pânico

Para o infectologista Unaí Tumpinambás a conclusão da pesquisa é esperada e não deve gerar insegurança nos pacientes. “Se fizermos uma pesquisa com aparelhos de pressão o resultado será o mesmo. Mas isso não é determinante. Raramente a fonte da infecção será o estetoscópio”, afirma. Tupinambás ressalta que o principal meio de contaminação são as mãos, seja de profissionais, familiares ou dos próprios pacientes. “A melhor forma de evitar infecções é lavar as mãos com frequência, fazer uso racional dos antibióticos e permanecer o menor tempo possível em internação”, aconselha.

A pesquisa com estetoscópios começou em março de 2010. Os cientistas caminharam pela área hospitalar de Belo Horizonte e abordaram médicos ao acaso. Explicaram o estudo e pediram emprestados seus estetoscópios. Ali mesmo, encostavam por três segundos o diafragma do objeto no meio de cultura, uma gelatina que coleta as bactérias em um recipiente raso, chamado placa de Petri.

Os microrganismos foram alimentados por nutrientes presentes na gelatina do recipiente. Após 24 e 48 horas, os pesquisadores observavam se as bactérias haviam se multiplicado e formado colônias. Na última etapa da pesquisa, foram feitos testes para descobrir a espécie de bactéria de cada colônia. “Achamos até mesmo bactérias resistentes a antibióticos de uso comum, que, provavelmente, foram desenvolvidas em ambiente hospitalar”, explica Lucas Roquim e Silva, graduando de medicina. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amaparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Presença em congresso internacional

A pesquisa sobre bactérias em estetoscópios vai ser apresentada em julho, no 22° Congresso da Academia Internacional de Medicina Legal, em Istambul, capital da Turquia. Os pesquisadores defendem que as conclusões do estudo, além de prevenir contaminação, podem colaborar com decisões no âmbito da Justiça do Trabalho. A Norma Regulamentadora 15, do Ministério do Trabalho, estabelece que constitui insalubridade de grau médio atividades laborativas que exijam “contato permanente com pacientes, animais ou com material infectocontagiante em (...) estabelecimentos destinados aos cuidados da saúde humana.” A determinação se aplica ao “pessoal que tenha contato com os pacientes, bem como aos que manuseiam objetos de uso desses pacientes, não previamente esterilizados.”

Lei proíbe jaleco em restaurante

No dia 13 de março, a Câmara Municipal derrubou o veto do prefeito Márcio Lacerda ao projeto de lei que propõe multar bares, restaurantes e similares que permitirem a circulação de profissionais da saúde vestindo roupas utilizadas para trabalhar. Mesmo sem a aprovação do Executivo, a lei foi sancionada pela Câmara Municipal. O prefeito pode recorrer ainda ao Judiciário com uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra a publicação da Câmara. A autora defende que esse tipo de vestuário pode funcionar como vetor de transporte de agentes químicos e biológicos prejudiciais à saúde. Segundo a proposta, se uma pessoa for pega com a roupa, os donos do comércio é que deverão pagar multa de R$ 1 mil.


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