A organização do Projeto Palco Hip Hop se pronunciou, nesta terça-feira, sobre o ocorrido durante a apresentação do rapper paulista Emicida, detido por descato após um show no Barreiro, Região Oeste de BH, no último domingo.
“A organização do projeto Palco Hip Hop informa que acredita e defende o livre direito de expressão artística e esclarece que em nenhum momento houve a intenção de ofender a PMMG que trabalhava no local. O evento no Barreiro foi realizado dentro dos padrões legais de infraestrutura e segurança exigidos pelo Corpo de Bombeiros, Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e PMMG, cumprindo todas as exigências de forma solícita e aberta ao diálogo”, afirmam os organizadores em nota.
“Somos solidários às famílias atingidas pela desapropriação da Comunidade Eliana Silva, no Barreiro, em Belo Horizonte, assim como às comunidades Zilah Spósito - Helena Greco, Dandara, Pinheirinho, Moinho e todas as outras que vêm sofrendo com a desocupação e a repressão em nosso país. Acreditamos no diálogo e no respeito como ferramentas de transformação de uma sociedade”, diz a nota.
O rapper, de 26 anos, foi liberado algumas horas depois de ser detido. Segundo a assessoria de imprensa do artista, ele se recusou a assinar o boletim de ocorrência porque a frase que ele disse no palco teria sido alterada no documento. A nota afirma que Emicida fez o seguinte comentário antes de começar a música "Dedo na Ferida", música que fala sobre a polêmica que envolve a polícia e moradores nos casos de desocupações, como no Pinheiro, em São José dos Campos (SP): “Antes de mais nada, somos todos Eliana Silva, certo? Levanta o seu dedo do meio para a polícia que desocupa as famílias mais humildes, levanta o seu dedo do meio para os políticos que não respeitam a população e vem com ‘noiz’ nessa aqui, ó. Mandando todos eles se f..., certo, BH? A rua é 'noiz.'"
Depois da apresentação, militares do 41º Batalhão prenderam o rapper “por incitar o público a fazer gestos obscenos para policiais e para políticos”. Emicida foi levado para a Delegacia Regional Barreiro, onde foi ouvido e liberado. Uma foto do histórico da ocorrência foi reproduzida no site do artista. Na transcrição do documento, consta que o rapper teria dito: “eu apoio a invasão do terreno 'Eliana Silva', região do Barreiro, tem que invadir mesmo, levantem o dedo do meio para cima, direcione aos policiais, pois todos esses tem que se f...”.
O músico, que estava acompanhado do irmão e empresário, Evandro Fioti, e do advogado, preferiu não assinar o B.O. A Polícia Civil explica que a assinatura do Boletim de Ocorrência não é obrigatória. Nesse caso, uma testemunha assina o documento diante da negação do envolvido. O documento já foi encaminhado à Justiça e a audiência foi marcada para fevereiro de 2013. Segundo o major Gilmar Luciano Santos, chefe da Sala de Imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, a PM confirma que o rapper incitou o crime. “Mandar as pessoas fazerem gestos obscenos é crime. Está no Código Penal”, explicou.